A oitava queda consecutiva do Índice de Confiança do Comércio (Icom), observada no trimestre encerrado em setembro, pode apontar para uma possível desaceleração do setor. O decréscimo de 3,6% na comparação com o mesmo período do ano passado é o pior resultado desde maio de 2012, quando também havia caído 3,6%, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Para o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo, a confiança em setembro não conseguiu manter a melhora no indicador vista em agosto.
"Com essa acomodação, diminui a percepção de que o terceiro trimestre seja muito bom", relata Campelo. "O setor, em termos históricos, ainda está com a confiança em patamar baixo. O terceiro trimestre tem uma recuperação observada em materiais de construção e móveis e eletrodomésticos, mas na média tem um ritmo moderado de atividade. Houve melhora em agosto, mas o resultado de setembro traz de volta essa percepção de que não é um ritmo muito forte", avalia.
De acordo com o superintendente, o desempenho negativo pode ser explicado em parte pelo efeito da base mais alta de comparação. Em setembro do ano passado, além do índice apontar uma confiança superior do empresário, havia uma tendência de aceleração mais intensa.
O Icom teve piora expressiva entre os meses de julho e setembro em quatro dos cinco setores avaliados dentro do comércio. A pior queda foi observada no varejo restrito, com -4,8%, seguida pelo varejo ampliado (que envolve o restrito mais de automóveis e de materiais de construção), com -4%. A venda de materiais de construção, se tratada isoladamente, é a única com desempenho mais estável, apresentando variação negativa de 0,1%.
A visão dos empresários em relação à atual situação do comércio também recuou. O subíndice da Situação Atual, que mede a satisfação com o presente, caiu 4,6%, enquanto o subíndice de Expectativas, que avalia o otimismo em relação aos próximos meses, diminuiu 3%. Os dois indicadores já tinham apresentado quedas em agosto, de 3,5% e 2,5%, respectivamente.
Confiança do consumidor
Medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) também apresentou queda, atingindo 110,1 pontos na escala que vai de 0 a 200. O recuo foi de 2,7% em setembro ante o mesmo período de 2012. Este é o quarto mês consecutivo de baixa no indicador.
O levantamento aponta que o consumidor se manteve receoso em setembro. O otimismo com relação à inflação teve queda de 5,9% em relação a agosto, atingindo 99,3 pontos. Já a expectativa positiva em relação ao desemprego diminuiu 5,6%.
No entanto, foi registrada melhora na visão dos brasileiros quanto à própria situação financeira. Segundo a entidade, o índice de expectativa sobre renda para o próximo semestre aumentou 3,3% na comparação com o mês de agosto. Já o indicador que mostra a expectativa de sair da inadimplência cresceu 2,8%.
Veículo: DCI