A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) subiu para 0,30% em setembro ante 0,20% em agosto, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Na terceira quadrissemana de setembro, o IPC-S ficou em 0,27%. O indicador acumula alta de 3,63% no ano e de 5,29% em 12 meses.
Das oito classes de despesas analisadas, quatro registraram acréscimo em suas taxas de variação de preços na passagem da terceira para a quarta quadrissemana de setembro: Habitação (0,43% para 0,51%), Vestuário (0,65% para 0,86%), Transportes (-0,02% para 0,07%) e Comunicação (0,14% para 0,20%).
No sentido contrário, registraram decréscimo Alimentação (0,20% para 0,14%), Educação, Leitura e Recreação (0,21% para 0,11%) e Despesas Diversas (0,22% para 0,09%). O grupo Saúde e Cuidados Pessoais manteve a taxa de variação em 0,43%.
Segundo economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV/Ibre), André Braz, o grupo Alimentação deve voltar a pressionar a inflação medida pelo IPC-S em outubro. "O grupo Alimentação desacelerou entre a terceira e a quadrissemana por conta dos alimentos in natura (-10,32% para -12,54%). Mas essa 'âncora verde' acabará com o início da primavera e da estação das chuvas, que prejudica a produção", disse Braz.
De acordo com o economista, além de os preços dos alimentos in natura convergirem para uma estabilidade ou leve alta em outubro, o IPC-S dos alimentos deve seguir pressionado pelos preços de grãos, como ocorreu em setembro, por causa de uma redução na oferta e pela alta do dólar. Entre os destaques de setembro estão alimentos com uso intensivo de trigo, grão que sofreu restrições de oferta de países do Mercosul e também do Brasil, onde os primeiros lotes da safra nacional registraram um padrão ruim.
O IPC-S dos produtos de panificação encerrou setembro em alta de 1,49%, com destaque para o pão francês, com aumento de 2,37% no fechamento do mês. A alta na soja levou o óleo de -0,33% na terceira quadrissemana para uma alta de 0,67% no encerramento do mês passado. Os grãos puxaram também o frango inteiro de 1,28% para alta de 2,03% e a carne bovina de 0,08% para 1% entre as semanas avaliadas. "Isso vai continuar e não tem como reverter em outubro", disse o economista. "E a carne suína, que subiu 0,56% em setembro, não teve materializada ainda pressão forte da alta no atacado."
Com isso, segundo Braz, a alimentação deve voltar a ser a vilã da inflação medida pelo IPC-S, como ocorreu em 2012, já que o grupo responde por 25% do indicador. "Enquanto o indicador acumula alta de 5,29% nos últimos 12 meses, a alta da alimentação é de 8,72% no período e deve fechar 2013 como o grupo com maior alta, o pivô da inflação."
Braz avaliou ainda que o grupo Habitação, com maior contribuição para o IPC-S de setembro, sofreu a pressão do gás de botijão (GLP), com alta 1,29%, aluguel, de 0,63% e do grupo eletrodomésticos e equipamentos, que saiu de uma queda de -0,02% para alta de 0,60% entre a terceira e a última quadrissemana de setembro.
Veículo: DCI