O varejo mineiro está menos otimista, afirma a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas). Conforme estudo divulgado ontem pela entidade, 62% dos empresários esperam vendas melhores em outubro, na comparação com o mês anterior. Em contrapartida, sondagem realizada em idêntico período do ano passado evidencia que 76% projetavam alta na mesma base de comparação.
Além disso, as boas expectativas dos comerciantes não se concretizaram em setembro. Confome a pesquisa, 53% esperavam ampliar as vendas no mês passado, no confronto com agosto. Porém, na prática, apenas 36% foram capazes de incrementar os negócios neste período. A maioria (38%) registrou queda, enquanto outros 26% não observaram oscilações.
O economista da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo, explica que o resultado está relacionado ao fato de que, em setembro, não há nenhuma data comemorativa de forte apelo comercial, enquanto em agosto é celebrado o Dia dos Pais. "Neste ano, as vendas motivadas pela comemoração surpreenderam o comércio positivamente, ao contrário do que aconteceu com outras mais relevantes, como o Dia das Mães e Namorados, com desempenho aquém do esperado", afirma.
Estoques - Apesar das expectativas frustradas, o estudo indica que 70% dos entrevistados foram capazes de fechar setembro com os estoques no ponto considerado ideal. Uma porcentagem bem menor, de 19%, concluiu o mês com um nível acima do esperado e outros 11% aquém do esperado. Dessa maneira, a maioria, 64%, não alterou o número de encomendas em outubro, sendo que 23% optaram por aumentar e outros 12% por diminuir.
Em setembro, 82% dos empresários mantiveram a equipe de trabalhadores, enquanto 8% aumentaram e 9% reduziram. O efetivo também deve ser mantido em outubro, uma vez que 85% não planejava admissões ou demissões para o período. Contudo, um número maior de empresários em relação a setembro (13%) planejavam contratações, possivelmente lojas de brinquedos e artigos infantis, em decorrência do Dia das Crianças.
Natal - As incertezas na conjuntura econômica, com o avanço da inflação e alto nível de endividamento do consumidor, contribuem para deixar o comércio mais cauteloso em relação a dezembro, época mais aguardada do ano para o setor devido às festas de fim de ano. Assim, Ivo ressalta que o empresário opta por retardar as encomendas às indústrias, a fim de evitar prejuízos. Outra estratégia para minimizar possíveis perdas é a atenção para não contratar um excesso de temporários.
Mesmo com a instabilidade, Ivo incentiva o lojista a manter o ânimo e investir na data, por meio de ações de custo mais baixo, como as promoções e formas de pagamento mais flexíveis. "O empresário capaz de conceder um desconto, mesmo que pequeno, nas compras à vista, sem dúvidas se destaca frente à concorrência. Manter o bom atendimento é também imprescindível, pois hoje o comportamento do consumidor é outro e ele está cada vez mais exigente", observa.
Ivo emenda que os empresários devem manter o otimismo não apenas para o Natal, mas também para a Copa do Mundo, apesar da decepção com a Copa das Confederações, evento-teste do mundial do futebol. "Embora o momento econômico demande cautela, o fluxo de turistas na Capital durante a competição será bastante superior ao da Copa das Confederações e o varejo precisa estar bem preparado para aproveitar todas as oportunidades que ele pode gerar", argumenta.
Veículo: Diário do Comércio - MG