Consumidores estariam muito endividados no cartão.
O Natal deste ano promete ser um dos mais mornos dos últimos tempos. com esta perspectiva que trabalham lojistas de diversas regiões de Belo Horizonte, que têm percebido um certo recuo dos consumidores, mesmo nessa época do ano, considerada a melhor para o comércio.
A inflação, o alto nível de endividamento e o temor de tempos piores são apontados como os principais motivos para a queda no consumo. A expectativa dos comerciantes é atravessar o ano com o mesmo nível de vendas do exercício passado ou alcançar até 15% de incremento, com ampliação do mix de produtos.
"O cartão de crédito está acabando com o povo", resume a proprietária da Namegutti Modas, Fátima Miranda. Segundo ela, que está no mercado há 25 anos, no Barro Preto, este não é propriamente o pior momento que já viveu no comércio. "Mas já vivemos tempos melhores. Estamos na mediana", observa, lembrando que desde 2008 o consumo vem desacelerando.
O estímulo ao crédito, recurso usado pelo governo federal para aquecer a economia, não tem produzido o efeito esperado. Ao contrário. "O endividamento está muito alto", lamenta, lembrando que os consumidores começaram a usar cartão de crédito, com taxa média de 10% ao mês, sem muito preparo financeiro.
" uma bola de neve e isso gera um efeito dominó, pois eles deixam de comprar, nós diminuímos nossos pedidos e a indústria produz menos. Afeta todo mundo", analisa. Para compensar esse desânimo do consumidor, Fátima conta com a tradição de venda das camisetas de malha para o reveilon, com preços mais acessíveis. Nessa época do ano, o vestuário é o segmento preferido pelos consumidores.
Calçados - Essa é a mesma percepção da supervisora da rede Constance Calçados, Cleidilene Miranda Pacheco, com 11 lojas em diversas regiões da cidade, como Buritis, Santo Antônio, Savassi, Barro Preto e Centro. Segundo ela, todo o ano foi "mais morno" do que o esperado, pois os consumidores estão mais preocupados com as dívidas e sentindo os efeitos da inflação, que no últimos 12 meses chegou a 5,8%.
Um agravante, observa Cleidilene, foram as manifestações populares em meados deste ano, com episódios de violência, que fizeram fechar as portas do comércio. Para compensar esse momento de desconfiança do consumidor, a empresa ampliou o seu mix de produtos.
Além de calçados e bolsas para o segmento feminino, agora também comercializa para o público infantil e masculino. " uma estratégia de vendas para facilitar a vida do consumidor, que acha tudo no mesmo lugar", explica.
A preocupação dos lojistas é justificada. Segundo pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), no ano passado, as compras com cartão de crédito representaram 87,7% do total. O resultado veio logo depois, com taxas de endividamento de até 70%.
No último mês de setembro, o nível de endividamento dos consumidores foi menor, de 47,9%, e taxa de inadimplência alta,de 6,1%. Para este Natal, os consumidores prometem mudar de comportamento. Na pesquisa da Fecomercio, 55% dos entrevistados informaram que querem fazer suas compras com pagamento à vista, em dinheiro.
Veículo: Diário do Comércio - MG