A inflação de serviços deve continuar persistente em 2014 e os alimentos devem contribuir para que a taxa fique semelhante ao visto neste ano. Essa é a projeção de Salomão Quadros, superintendente adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Segundo o especialista, a persistência dos preços desse setor tem sido grande. Em dezembro de 2012 o acumulado dos últimos doze meses segundo o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) era de 7,73%, em setembro deste ano passou para 7,93% e em outubro, o indicador mais recente, é de 7,96%.
"O fato é que tem uma dinâmica praticamente inalterável, ele vem aí mais perto de 8%. Tem choque de câmbio, tem choque agrícola mas os serviços de maneira geral estão em um comportamento que é inclusive muito revelador de coisas como o mercado de trabalho aquecido", disse Quadros durante a divulgação do IGP-M de outubro.
Ele também chamou a atenção para o fato de que neste ano tivemos um comportamento atípico dos preços de serviços administrados. "A gente começou o ano, vindo do ano passado com uma taxa de 4,68% [dezembro] e neste ano vamos ter uma taxa negativa, energia elétrica caiu, os ônibus, que subiram um pouco tiveram que voltar atrás, então estamos tendo um preço de serviços atípico, correndo grandes chances de terminar o ano com uma taxa negativa e se isso acontecer, certamente, não vai se dar no ano que vem", explicou.
Os preços dos serviços administrados, divulgado por Quadros, foi de -0,28% em setembro e em outubro foi de -0,44%.
"Isso é só para a gente lembrar que a temos uma inflação difícil de conter, que as vezes é perturbada momentaneamente por produtos agrícolas, as vezes é perturbada pelo câmbio mas nesse caso [ dos serviços] não é de um produto só, é de um conjunto de produtos".
Ele acredita ainda que os preços dos alimentos podem compensar essa alta. "O ano que vem vai ser necessário que os alimentos contribuam, a gente teve alimentos processados, acelerou para agora desacelerar um pouco. Então eu acredito que a gente possa ter em 2014 um certo alívio, preços altos de alimentos são a possiblidade de uma boa safra no ano que vem, se os preços tão altos os agricultores se estimulam a aumentar a produção", completou o especialista.
Durante a divulgação dos resultados o superintendente atentou que um possível reajuste nos preços da gasolina - a ser decidido pela reunião do Conselho de Administração da Petrobras no próximo dia 22 - deva impactar o IGP-M apenas de dezembro. "Já está se preparando um reajuste, o IPA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo] capta o diesel na origem e o valor da produção do diesel é maior que o da gasolina", explicou o especialista. O peso da gasolina no IPA é de 1,58% enquanto do diesel é de 3,06%.
Ele ainda ressaltou que "o efeito do câmbio está cada vez menos importante e vai continuar a sair de cena, depois que a maior parte da indústria reajustou suas tabelas não temos tido novos reajustes", avaliou.
Outubro
O IGP- M chegou a 0,86% no mês de outubro, que representa uma queda em relação a setembro, quando o índice foi de 1,5%. O IGP-M nos últimos doze meses, no entanto, tem aumentado e já acumula 5,27%. Neste ano, até outubro o chega a 4,58%.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) apresentou taxa de variação de 1,09%, no mês anterior, a taxa foi de 2,11 %. Apesar da desaceleração do IPA Quadros ressaltou que a faixa de 1% ainda é "muito alta" mas que vivemos um período de transição para "taxas um pouco menores". O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,43% no mês de outubro.
Veículo: DCI