Um fato inédito foi apurado pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas): 55% dos consumidores de Belo Horizonte informaram que querem fazer suas compras de Natal com pagamento à vista, em dinheiro. Segundo o economista da entidade, Gabriel de Andrade Ivo, essa predisposição deve-se, sobretudo, ao alto nível de endividamento dos consumidores. No ano passado, as compras com cartão de crédito representaram 87,7% do total. Outra pesquisa indicou que, em Minas Gerais, o 13º salário vai injetar cerca de R$ 12,7 bilhões na economia, sendo R$ 7 bilhões destinados às compras de Natal.
"O momento não é tão positivo para a economia, com aumento da inflação e perspectiva de aumento das taxas de juros. Eles querem liquidar seus débitos e evitar dívidas futuras", analisa o economista, considerando os dados da Pesquisa de Opinião do Consumidor da Fecomércio Minas em relação ao Natal deste ano. Mais do que educação financeira, Ivo entende que essa intenção é fruto de "preocupação mesmo". E não é por acaso. Segundo ele, o nível de endividamento em setembro chegou a 47,9%, com taxa de inadimplência alta, de 6,1%.
Nota-se, segundo Ivo, um recuo em relação ao endividamento verificado alguns meses atrás. Em setembro do ano passado, chegou a 70,3% dos consumidores, mantendo-se nesse patamar nos meses seguintes. Em janeiro deste ano, caiu para 66,5%, voltando a subir em fevereiro (74%) e caindo novamente a partir de março (51%). "Esta tem sido a taxa média de endividamento desde então", pontua o economista, lembrando que a inadimplência, que é um fator ainda mais preocupante, tem crescido nos últimos meses. Passou de 3,4% em junho para 4,7% em julho, subindo para 5,7% em agosto e para 6,1% em setembro.
Descontos - Para os lojistas, a recomendação é de que aproveitem essa disposição do consumidor em pagar em dinheiro e ofereçam descontos para compras à vista. Dos consumidores pesquisados, nada menos que 93% disseram que fariam essa opção se houver queda de preço.
Na avaliação do economista, a expectativa do consumidor para este ano "está pior do que no ano passado", uma vez que "a economia não está ajudando". No entanto, a pesquisa apurou que 83% dos consumidores mostram-se confiantes quanto à manutenção dos postos de trabalho no ano que vem, sentindo-se mais seguras para presentear no Natal.
Entre os itens preferidos pelos consumidores para o Natal, os mais citados são vestuário (40,5%), calçados (18,1%), brinquedos (17,8%) e perfumes (7,3%). Para 87%, o tíquete médio deve ficar entre R$ 30 e R$ 150.
Outra pesquisa, realizada com consumidores de Minas Gerais, apurou que o 13º salário vai injetar cerca de R$ 12,7 bilhões na economia. A maior parte dos consumidores (30%) vai usar o dinheiro extra para as compras de Natal. Pelos cálculos da entidade, isso significa que, do montante, 54,9%, ou R$ 7 bilhões, serão destinados ao comércio. O pagamento de dívidas é a prioridade para 23,2%, enquanto 18% vão pagar impostos do início do ano e somente 3,9% vão economizar.
Veículo: Diário do Comércio - MG