As vendas a prazo no comércio paulistano registraram alta expressiva de 5,9% na primeira quinzena de novembro ante o mesmo período de 2012, divulgou ontem a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a partir dos dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços. O resultado positivo é o reflexo da intensificação dos eventos de renegociação de dívidas realizados nos últimos meses e da iniciativa de alguns consumidores de antecipar as compras de Natal, especialmente de bens duráveis, que já começam a apresentar boa saída nas lojas.

Esse movimento já está sendo sentido no segmento de shopping centers. Ontem, a Abrasce, entidade que representa o setor,  informou estar otimista quanto ao desempenho das vendas de presentes para o Natal, apostando em expansão de até 10% nas vendas de dezembro próximo em comparação ao mesmo mês de 2012.

Para Rogério Amato, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), "considerando os índices que medem as vendas à vista e a prazo, o crescimento confirma nossas expectativas sobre o desempenho do comércio no fim do ano, que deverá apresentar elevação entre 3% e 4% ante 2012".

A média entre  o Indicador de Movimento de Comércio a Prazo (IMC)  e o Indicador de Movimento de Cheques (ICH) (vendas à vista) apontou elevação de 3,7% nos primeiros quinze dias de novembro e se situou dentro destas previsões. Os bons resultados também são consequência de outros fatores como a perspectiva do início do pagamento do décimo terceiro salário e o fato de a primeira quinzena ter o mesmo número de dias úteis que a mesma quinzena em 2012, além de alguns reflexos das desonerações fiscais ainda verificadas em alguns setores da economia. Segundo o economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), da ACSP,  Emílio Alfieri, a elevação nas vendas resulta também do movimento maior em comparação com novembro do ano passado, quando houve crescimento de apenas 0,3% ante o mesmo mês de 2011. "As vendas também estão sendo impulsionadas pelos programas governamentais de estímulo ao consumo como o Minha Casa Melhor – crédito de até R$ 5 mil para quem faz parte do Programa Minha Casa Minha Vida", disse.

Na comparação com a primeira quinzena de outubro, houve queda de 9,2% nas vendas a prazo. Para Alfieri, tal retração se deve a fatores sazonais que afetam as vendas no mês de outubro. Além disso, assinala o economista,  houve um dia útil a menos em relação aos primeiros quinze dias do mês passado e no período houve o Dia das Crianças.

No caso das vendas à vista, foi observada elevação de 1,5% ante o mesmo período de 2012 e retração de 5,3% ante a primeira quinzena de outubro. O recuo é consequência da instabilidade climática na capital paulista. Com a alternância de dias frios e quentes, os consumidores não se sentiram motivados a comprar roupas de verão, por exemplo. A tendência é de alta nas vendas desses e de outros produtos quando a estação se firmar.

 
Inadimplência – O crescimento nas vendas no Dia das Crianças contribuiu para a elevação do Índice de Registro de Inadimplentes (IRI) de 6,4% ante os primeiros quinze dias de outubro e de 4,8% em relação à primeira quinzena de novembro do ano passado. Já o Indicador de Recuperação de Crédito apresentou elevações de 9,8% e 7,9% nos mesmos períodos respectivamente.

Alfieri afirma que os resultados foram influenciados positivamente pelas recentes campanhas de recuperação de crédito realizadas ao longo deste ano e eles devem continuar positivos nos próximos meses. "É importante ressaltar que este resultado já era esperado, pois a pesquisa realizada pela Ipsos a respeito do uso do décimo terceiro salário apontou que 24,5% dos entrevistados pretendem utilizá-lo para saldar débitos pendentes", disse.



Veículo: Diário do Comércio - SP