Varejistas aumentaram preços dos produtos em até 10,2% na Black Friday brasileira

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Na Black Friday brasileira deste ano, que ocorreu no fim do mês passado, o número de itens que tiveram os preços aumentados no dia da promoção foi mais que o dobro do que aqueles que tiveram seus preços reduzidos. A conclusão é fruto de uma pesquisa do Programa de Administração de Varejo (Provar) em parceria com a empresa Íconna, especializada em monitoramento de preços no e-commerce.

As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo” e também foram repercutidas na edição online desta sexta-feira (13) do portal Folha/UOL. O resultado mostrou que 21,5% dos cerca de 1,3 mil itens acompanhados na internet tiveram seus preços majorados, em média 10,2%, no dia da promoção. Em contrapartida, apenas 9,5% dos itens monitorados tiveram os preços reduzidos. E o corte médio foi de 11%.

Em entrevista ao portal, Nuno Fouto, diretor de pesquisas do Provar e responsável pelo trabalho, observou que, dentre os 1,3 mil itens acompanhados, estão eletrodomésticos, eletrônicos, jogos, livros e artigos para a casa, em 11 sites que participavam da promoção. Ele pondera, que, teoricamente, esse itens deveriam participar da promoção, pois estavam sendo anunciados dentro dos sites participantes da Black Friday.

“Aconteceram as promoções, mas elas foram menos intensas em número de itens”, afirmou Fouto. Um dado que reforça essa afirmação é que, em relação à pesquisa da Black Friday do ano passado, o evento deste ano registrou um número quatro vezes maior de itens que tiveram os preços majorados e numa proporção bem maior. Em 2012, 5,1% dos itens pesquisados tiveram os preços reajustados para cima em 5,7%, em média, na Black Friday. Neste ano, foram 21,5% dos itens majorados, e em 10,2%, em média.

No sentido oposto, houve reduções, mas com uma significância muito menor em relação aos aumentos. Na Black Friday de 2012, 2,8% dos itens tiveram os preços reduzidos, em média, 6,3%. Neste ano, foram 9,5% dos itens que registraram corte, com uma redução média de 11%. A fatia de itens cujos preços não tiveram alteração no evento, nem para cima nem para baixo, foi de 47,5% em 2012 e de 24,3% neste ano.

Surpresa

Um resultado surpreendente deste ano foi o grande volume de itens cujos preços foram reduzidos após a Black Friday. “O consumidor que esperou para comprar depois do evento se deu bem”, afirmou Fouto. O levantamento mostrou que neste ano 22,6% dos itens pesquisados tiveram redução de preços após a Black Friday. Coincidentemente o porcentual é muito semelhante àquele dos que aumentaram preços na Black Friday (21,5%). Em 2012, apenas 2,6% dos itens tiveram os preços reduzidos após o evento.

Na análise de Fouto, o resultado reafirma o cenário fraco de vendas neste ano e que a Black Friday teve um desempenho abaixo das expectativas no Brasil. Tanto é que foi necessário reduzir os preços após a promoção. “O comércio ficou com medo de carregar esses estoques até o Natal.” No ano passado, ponderou, a economia estava mais aquecida, as vendas no varejo cresciam na faixa de 8%, o dobro do registrado neste ano, e não foi necessário desovar estoques após a Black Friday, como ocorreu neste ano.

A competição mais acirrada no varejo este ano levou a uma situação inusitada. Neste ano, a pesquisa listou itens com maiores aumentos e reduções de preços, segundo o acompanhamento feito por site de cada loja virtual. E o resultado mostrou que um mesmo item, por exemplo, fogão ou geladeira, apareceu tanto na lista dos maiores aumentos de preço como na relação das maiores quedas.

Para Fouto, isso mostra que as lojas fizeram um mix, ou seja, reduziram muito os preços de alguns produtos para atrair o consumidor e, ao mesmo tempo, aumentaram o preço de outros itens. Essa estratégia é antiga e muito usada por supermercados que, para atrair os compradores reduz os preços dos itens básicos como arroz feijão, na expectativa de que o consumidor compre por impulso outros produtos nos quais os preços e as margens são maiores. Por isso, diz ele, em alguns sites a geladeira aparece com menor preço e em outro com maior preço, dependendo da estratégia e do mix de produtos da loja.

Fouto completou a análise dizendo que a lição que fica da pesquisa é que o consumidor precisa acompanhar, pesquisar e comparar preços para fazer bons negócios, até nas promoções.



Veículo: Diário de Pernambuco


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