O comércio varejista voltou a registrar aumento nas vendas na passagem de setembro para outubro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, a alta foi tão ligeira, de apenas 0,2%, que frustrou expectativas. O volume vendido cresceu pelo oitavo mês consecutivo, mas o ritmo de alta vem perdendo fôlego desde agosto.
As atividades de supermercados e de móveis e eletrodomésticos venderam menos, prejudicadas pelos aumentos de preços. Por outro lado, o segmento de veículos recuperou as perdas do mês passado, levando o varejo ampliado - que inclui as atividades de veículos e material de construção - a um aumento de 1,8%.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) esperava um crescimento de 0,5% no volume vendido pelo varejo em outubro. Para o fechamento do ano, a entidade estima crescimento de 4,5%, contra os 8,4% de expansão verificados no ano passado. Se a previsão for confirmada, o comércio varejista terminará 2013 com o pior desempenho da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, iniciada em 2004.
"Desde o início da série da Pesquisa Mensal de Comércio, completa como é hoje, nunca houve um crescimento tão baixo", apontou Fabio Bentes, economista da CNC. Em 2003, as vendas no varejo caíram 3,7%, mas a pesquisa não tinha a mesma abrangência que tem hoje.
Na passagem de setembro para outubro, a principal contribuição para o freio no comércio foi da atividade de supermercados, mas os segmentos de vestuário e de móveis e eletrodomésticos também contribuíram. "Não por acaso esses três setores tiveram inflação acima da média do varejo", ressaltou Bentes.
O economista calcula que a inflação no varejo na passagem de setembro para outubro foi de 0,6%. No setor de supermercados, o aumento de preços foi de 0,7%, no segmento de vestuário a alta foi de 0,6%, enquanto em móveis e eletrodomésticos a inflação foi de 0,7%. "O problema é preço, combinado com o crédito mais caro e o mercado de trabalho desaquecendo. Isso atrapalhou bastante", citou Bentes.
Eletrônicos - A inflação medida pelo IPCA mostrava uma alta de 5,84% no acumulado de 12 meses até outubro. Já os aparelhos eletrônicos tiveram aumento de 5,2% no mesmo período. "A causa desse aumento, provavelmente, é porque temos aí a desvalorização do real (ante do dólar), ou seja, um problema de câmbio, que realmente vem influenciando a atividade", justificou Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. O pesquisador acredita que o resultado só não foi pior por conta do programa do governo Minha Casa Melhor, que incentiva a compra de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
Diante de um cenário de inflação em alta, o consumidor está abrindo mão de comprar itens supérfluos, como revistas, para adquirir bens de primeira necessidade, como os alimentos, acrescentou Pereira. Na comparação com outubro do ano passado, as vendas do segmento de supermercados aumentaram 3,3%. Ao mesmo tempo, a queda do segmento de livros, jornais, revistas e papelaria foi de 0,6%. "Acredito que, em função de estar gastando mais com alimentos por causa da inflação, acho que há uma realocação do dinheiro mesmo", disse Pereira.
Veículo: Diário do Comércio - MG