Varejo deve mostrar oitava alta consecutiva, dizem analistas

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A manutenção do ritmo de ganho de renda real da população ocupada em torno de 1,6% nos últimos meses, na comparação com igual período do ano passado, tem contribuído para sustentar resultados positivos no varejo, ainda que gradualmente as taxas de expansão estejam desacelerando, afirmam economistas.

Para outubro, a média de 16 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data indica crescimento de 0,4% do volume de vendas no comércio restrito, na comparação com o mês anterior, feito o ajuste sazonal, após a alta de 0,5% em setembro. Se confirmadas as expectativas, as vendas terão o oitavo mês consecutivo de avanço.

Mesmo assim, dizem os economistas, depois do primeiro semestre fraco, dificilmente esse ramo de atividade encerrá o ano com alta superior a 4,5%, quase metade do aumento de 8,4% observado em 2012.

As estimativas para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de outubro, a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de queda de 0,2% a expansão de 0,7%. Já para o varejo ampliado, que considera, além dos oito segmentos pesquisados no restrito, os de automóveis e material de construção, nove economistas projetam, em média, aumento de 0,9% na passagem mensal.

Para Paulo Neves, economista da LCA Consultores, boa parte dos indicadores de atividade já divulgados sugere alta das vendas no varejo na passagem mensal. Neves estima alta de 0,5% para o desempenho do comércio entre setembro e outubro, com ajuste sazonal, mas pondera que este número pode ser mais baixo porque a inflação de alimentos acelerou no período e pode ter prejudicado as vendas nos mercados.

No entanto, afirma, como o levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) registrou aumento de 1,6% das vendas nestes estabelecimentos, de acordo com a série dessazonalizada pela LCA, a perspectiva é de bom desempenho do segmento em outubro, embora não em ritmo tão forte.

Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners, também avalia que os dados da Abras apontam para resultados positivos nos segmentos de hiper e supermercados, artigos farmacêuticos e perfumaria e equipamentos de informática no mês, o que leva o economista a projetar alta de 0,2% das vendas do varejo restrito entre setembro e outubro.

André Muller, economista da Quest Investimentos, cita ainda que o comportamento do indicador mensal de atividade do comércio da Serasa Experian aponta continuidade da trajetória positiva mostrada pelo comércio nos últimos meses. O indicador registrou alta de 1,7% entre setembro e outubro, com ajuste sazonal, puxado principalmente pela atividade de hiper e supermercados, com aumento de 2,9% no período, e de móveis e eletrodomésticos, que avançaram 1,5%.

Para o comércio ampliado, Neves, da LCA, estima aumento de 1,1% das vendas entre setembro e outubro, com ajuste sazonal, após a queda de 0,7% no mês anterior. De acordo com o levantamento da Serasa, as vendas de veículos aumentaram 9,4% no período, na série com ajuste sazonal, o que deve contribuir para impulsionar o comércio neste conceito, diz Neves.

Para Velho, da INVX, apesar da sequência de resultados positivos do varejo nos últimos meses, a perspectiva é de moderação do ritmo de expansão no quarto trimestre. A queda de 1,2% do faturamento da indústria na passagem mensal, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), pode indicar que o ritmo de encomendas do comércio no quarto trimestre, ainda que positivo, está mais moderado em relação ao trimestre imediatamente anterior. A sondagem do comércio reforça essa avaliação, com a retração de 5,2% do índice de confiança da Fundação Getulio Vargas (FGV) no trimestre encerrado em novembro, na comparação com os mesmos meses do ano anterior.

Neves, da LCA, também afirma que os próximos meses devem ser marcados por desaceleração das vendas do comércio. A massa salarial, diz, está crescendo a um ritmo menor do que nos anos recentes, diante de um crescimento menor da ocupação e da renda em relação ao padrão visto no período mais recente. Como o crédito também se mantém estável, o fôlego do comércio de bens duráveis tende a arrefecer. "Tivemos uma série de medidas de estímulo para a compra desses itens em curto espaço de tempo, então a resposta tende a ser cada vez menor ao longo do tempo". Agrava a situação o fato de que os estímulos têm sido gradualmente revertidos, afirma Neves. Em outubro, por exemplo, subiram as alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para alguns itens da linha branca. Assim, afirma, as vendas no varejo restrito devem encerrar o ano com alta de 4,5%, pouco mais da metade do que a expansão de 8,4% observada em 2012.

A Quest Investimentos também projeta expansão de 4,5% das vendas no comércio restrito neste ano. "É uma alta compatível com os fundamentos, já que a concessão de crédito está praticamente estável e a renda também cresce menos", afirma Muller.



Veículo: Valor Econômico


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