A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP) projeta um cenário de cautela para o varejo em 2014, influenciado principalmente pelo menor reajuste real do salário mínimo previsto para janeiro, de 0,9%, abaixo do registrado em anos anteriores.
O movimento de alta do endividamento das famílias e a trajetória de queda dos índices de confiança, tanto do empresário como do consumidor, também contribuem para a expectativa. A entidade estima que em 2013 o varejo cresça 4% no Estado. Para 2014, a expansão esperada é de 3%.
"O primeiro trimestre será especialmente complicado, por fatores como pagamento do IPTU, matrículas escolares e pela própria sazonalidade, que sempre faz com que esse período seja mais fraco", disse o diretor executivo da FecomercioSP, Antonio Carlos Borges.
De acordo com a FecomercioSP, a realização da Copa do Mundo no Brasil no ano que vem tampouco representa um estímulo adicional para a economia varejista.
Altamiro Carvalho, assessor econômico da Federação, disse que o evento terá um efeito limitado para o setor, já que o câmbio brasileiro é desfavorável para os turistas estrangeiros que virão ao país e, por isso, não deve haver um incremento significativo das vendas.
"Estamos considerando um impacto quase nulo nesse sentido. Os maiores benefícios serão na geração de empregos e na área de serviços", destacou.
Borges chamou a atenção para questões macroeconômicas que, segundo ele, podem gerar preocupação no ano que vem. "Temos uma certa cautela, pois não sabemos como o governo vai equacionar o conjunto formado por taxa de juros, inflação e crescimento. E alguma coisa está errada no país com o consumo das famílias crescendo 4% (no terceiro trimestre de 2013), muito acima do PIB", disse.
Produtividade - Ele explicou que, como a produtividade da indústria nacional não acompanha as necessidades da população, o mercado consumidor está substituindo artigos que poderiam ser produzidos no Brasil por importações. "Isso compromete o controle das contas externas e continuará pautando as discussões no ano que vem", observou.
Borges também citou a influência da inflação na trajetória de crescimento do País. "A inflação já afetou muito no primeiro trimestre deste ano, e preços em elevação são naturalmente limitadores da expansão. O que temos visto é que os preços dos serviços e dos produtos aumentaram, mas os preços dos serviços administrados pelo governo caíram", argumentou.
Veículo: Diário do Comércio - MG