O faturamento real do comércio no Estado de São Paulo deve fechar o ano com crescimento de 4% e atingir R$ 502,1 bilhões, segundo dados divulgados ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Para as vendas de Natal, a expectativa da entidade é de aumento de 3,3%.
Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da entidade, ressalta, no entanto, que esse desempenho será obtido sobre uma base pequena. No ano passado, as vendas reais do varejo em São Paulo subiram apenas 0,4% e chegaram a cair 1,3% no Natal, em relação ao ano anterior.
Para o ano de 2014, a FecomercioSP projeta alta de 3% no faturamento real do comércio no Estado, ritmo um pouco inferior ao deste ano. Segundo Borges, a Copa do Mundo não deve trazer efeitos positivos relevantes para o varejo no próximo ano.
Na avaliação do diretor da FecomercioSP, apenas o segmento de serviços, com destaque para os setores de hotelaria e transportes, deve ser beneficiado durante a realização do evento esportivo no país. "O câmbio não é favorável para o estrangeiro fazer compras no Brasil", afirmou.
Para Borges, o nível de emprego nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 está elevado e alguma queda já é prevista para 2015, o que pode afetar diretamente a confiança do consumidor e, consequentemente, as vendas no varejo.
O ano de ressaca da Copa e das eleições poderá ser "bastante complicado", disse. Para ele, alguns ajustes na economia, como controle dos gastos públicos e implementação de uma política fiscal "mais austera", deveriam ser realizados pelo governo já em 2014. No entanto, as mudanças serão adiadas por se tratar de um ano eleitoral. "O ano de 2015 é que será a hora da verdade. Uma reforma tributária seria o ideal", disse o economista.
Borges afirmou que o cenário atual inspira cautela, principalmente porque há um claro descompasso entre o crescimento do consumo e o fraco desempenho da indústria. "Enquanto há aumento na concessão de crédito, da renda real e nível de emprego elevado, a economia vai seguindo. O problema é quando uma dessas variáveis parar de funcionar", disse.
O economista fez críticas à política de preços da Petrobras. Disse que o governo tem controlado "os índices de preços e não a inflação ao consumidor".
Considerando apenas a capital paulista, o faturamento real do comércio deve fechar este ano com expansão de 3%, para R$ R$ 155, 8 bilhões, enquanto a projeção para as vendas do Natal é de crescimento de 2,4%.
Assim como no Estado, o crescimento do faturamento do comércio ocorre após um ano de fraco desempenho. Em 2012, as vendas reais na cidade de São Paulo encolheram 1,6% - somente no Natal, a queda foi de 2,8%. A FecomercioSP prevê avanço de 3,7% nas vendas reais na capital em 2014 e de 2% no Natal.
Veículo: Valor Econômico