Pressionado pela inflação, por juros mais altos e pelo endividamento, o consumidor brasileiro terá comportamento cauteloso no Natal deste ano.
Para economistas e analistas, a tendência é os brasileiros recorrerem menos ao crédito do que em anos anteriores, ou comprar em menor número de parcelas para evitar o comprometimento excessivo do orçamento. Apesar do cenário de controle, a aposta é em um consumo racional, que garantirá crescimento para as vendas.
– Haverá crescimento do consumo, pois o Brasil não está em uma situação de crise, como a Europa, mas será um crescimento modesto, com menos dinamismo que em 2006, 2007 e 2008. A inflação dos alimentos é a mais importante. A compra dos alimentos vai ser uma compra prudente, pois os preços estão aumentando muito – diz Carlos Alberto Ramos, professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB).
A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 4,95% até novembro. Já a inflação dos alimentos e bebidas está em 7,52% de janeiro até o mês passado.
A economista Isabel Mendes, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cita pesquisa divulgada pela entidade em novembro, mostrando que 40% dos consumidores pretendem gastar menos nas compras deste Natal do que na festa do ano passado.
– O consumidor está sendo um pouco mais conservador. A maioria (52%) também disse que vai usar o décimo para pagamento de dívidas.
Segundo Isabel, o consumidor acredita que a alta dos preços afetará as compras de final de ano, do mês e as de bens de maior valor. Por conta disso, há endividamento e inflação.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Jr., o consumo neste Natal terá como característica principal a sustentabilidade.
– As pessoas têm demonstrado um cuidado maior com seu orçamento ao longo do ano. Elas vão usar crédito de forma mais ponderada.
Veículo: Diário Catarinense