Consumidor gastou menos no Natal

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Lojistas do centro da Capital reclamam do tripé: obras, endividamento e pouca disposição para gastar



Obras, endividamento e pouca disposição do consumidor para gastar. A união desses fatores fez com que a maioria dos estabelecimentos varejistas localizados no centro da Capital não conseguisse alcançar as metas de venda projetadas para este Natal e, mesmo agora em janeiro, os prejuízos se mantêm, já que tradicionalmente o movimento é menor devido às férias escolares. Com o objetivo de driblar a crise e conquistar a clientela, o comércio investe em diferentes ações, como liquidações, divulgação por meio de panfletagem e locutores, vitrines mais atraentes e diversificação do mix de produtos.

A Planeta do Bebê, localizada na avenida Paraná, não foi prejudicada apenas por fatores macroeconômicos, como o avanço dos juros e inflação, mas também pelas obras de instalação do Move, nome dado ao Bus Rapid Transit (BRT), que interditaram a via e restringiram o fluxo de veículos e pedestres trafegando pelo local. Em dezembro, as vendas registraram retração de 40% em relação a dezembro do ano anterior e, até agora, nenhuma reação foi observada em janeiro.

A gerente, Shirley Rodrigues Alves, acredita que, embora as obras do BRT tenham influenciado, elas não são as únicas responsáveis pelo mau desempenho. "Percebo que o consumidor já tem muitas dívidas e, por isso, ele prefere evitar qualquer gasto desnecessário", avalia. Para aquecer os negócios e alavancar o tíquete médio, a Planeta do Bebê reduziu os preços de várias mercadorias, inclusive de algumas que, em anos anteriores, não entraram em promoção por não serem sazonais, como os berços e carrinhos.

Também localizada na avenida Paraná, a loja de vestuário masculino Canal do Surf atribuiu o fraco resultado à interdição da avenida. A gerente, Luciana Vieira, estima queda de 80% nas vendas em dezembro de 2013, sobre a mesma época do exercício passado. Ela acrescenta que, em idêntico mês de 2012, um cliente gastava, em média, entre R$ 80 e R$ 100 ao fazer compras na loja. Em 2013, porém, esse valor raramente ultrapassou os R$ 35.

Estratégias -
Ela salienta que, com o objetivo de evitar um prejuízo ainda maior, a loja aposta em diferentes estratégias. Dentre elas, ela destaca as liquidações, vitrines atraentes e constantemente atualizadas, novidades e diversificado mix de produtos. "Por enquanto estas ações ainda não trouxeram muito efeito, mas estamos otimistas e acreditamos que 2014 será um ano melhor. Assim que as obras ficarem prontas, mais pessoas vão circular pela região. Além disso, a cidade vai ficar bem movimentada durante a Copa do Mundo, o que também pode nos beneficiar", espera.

Outra loja de moda masculina, a Bermudas e Companhia, instalada na rua Carijós, é outra que reclama da escassez de clientes. De acordo com a gerente, Jaqueline Vicente, o movimento às vésperas do Natal foi tão fraco que dispensou a necessidade de contratação de funcionários temporários e os colaboradores efetivados precisaram fazer menos horas extras que o previsto. Para que as vendas melhorem nos próximos meses, Jaqueline Vicente afirma que já são estudadas novas maneiras de divulgar e dar mais visibilidade ao negócio.

Na Pit Girl, especializada em moda feminina e localizada na rua dos Tupinambás, as vendas neste Natal também também não atenderam as expectativas, com variação negativa de 30%, em relação ao mesmo período de 2012. Com o objetivo de melhorar as vendas, a loja já deu início à temporada de promoções, com descontos que variam entre 10% e 20%. "Percebo que, antigamente, as clientes compravam mais por impulso. Hoje, como elas estão mais receosas, pesquisam bem mais", aposta a gerente, Kesya Nayara.


Contramão -
Ao contrário dos demais estabelecimentos ouvidos pela reportagem, a Enxovais BH, na rua Curitiba, registrou crescimento de 15% nas vendas deste Natal, na comparação com os resultados de igual período do ano anterior. De acordo com a gerente, Cristimirienia Franca, a loja investiu mais em divulgação e novidades em seu mix de produtos, principalmente em diferentes modelos de cortinas, carro-chefe da loja. "Em janeiro, começamos a liquidação e o movimento continua bom. Esperamos que este seja um ano bom, com crescimento de até 30% das vendas", prevê.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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