As vendas no comércio varejista na cidade de São Paulo deverão ser menores neste primeiro trimestre de 2009, na comparação com os últimos três meses de 2008. Segundo a Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra no Varejo, do Programa de Administração de Varejo (Provar) e Laboratório de Finanças, da Fundação Instituto de Administração (FIA), houve aumento de 26,2% para 33,4% no total de pessoas que não pretendem comprar em dez categorias de produtos (linha branca, eletrodomésticos, telefonia e celulares, informática, automóveis e motos, cine e foto, material de construção, cama, mesa e banho, móveis e eletroportáteis).
O estudo realizado pela FIA, em conjunto com a empresa de consultoria Felisoni Consultores, entrevistou 500 pessoas e identificou queda de 7,2 pontos percentuais no índice das que declararam intenção de compra - baixando de 73,8% para 66,6%.
"Os resultados mostram que a crise [financeira internacional], gradativamente, vai dando sinais", avaliou o coordenador da pesquisa, Cláudio Felisoni. Ele afirmou que "o grau de confiança do consumidor tem se modificado", o que pode ser constatado pela queda na procura por bens duráveis, que dependem de crédito. De acordo com as projeções apresentadas pelo economista, as vendas no comércio varejista no país devem recuar em 2%.
As quedas mais significativas na intenção de compra na pesquisa feita na cidade de São Paulo, ocorreram no segmento de telefonia celular, com diminuição de 39,6%, seguida de produtos eletrônicos (38,2% a menos) e informática com (31,8%). Na avaliação de Felisoni, esse recuo está associado à sazonalidade. Essa falta de disposição refere-se ao começo de ano, em que é natural a demanda cair após as festas de natal e réveillon.
Dos dez setores analisados, o de cine e foto lidera na intenção de compra (13,6%), seguido pela linha branca (geladeiras, fogões, máquinas de lavar), com 10,6%.
Internet em baixa
A sondagem mostra ainda um aumento de 6,64% no universo de entrevistados que não planejam fazer negócios pela internet. Do universo pesquisado, 14,2% declararam a intenção de consumo, ante 21% no último trimestre de 2008. Na lista de produtos, os brinquedos aparecem como os mais desprezados na escolha dos consumidores com queda de 8,55%.
A pesquisa indica, no entanto, que, independente de eventuais efeitos da crise financeira sobre o comportamento desses consumidores, o quadro ainda é melhor do que o constatado no primeiro trimestre de 2008. De janeiro a março do ano passado, havia mais pessimistas (43,4%). "Mesmo com os impactos da crise, o percentual de consumidores que não pretendem comprar é menor que o do mesmo período de 2008", destacou o coordenador da pesquisa, Cláudio Felisoni.
Veículo: Gazeta Mercantil