Maior taxa foi reportada pela Serasa Experian; outras duas pesquisas confirmam crescimento das contas em atraso
Pelo menos três entidades de crédito apontam crescimento nas taxas de inadimplência em julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2013. A maior elevação (11%) foi registrada pela Serasa Experian. O cenário econômico é apontado como motivo para o aumento do atraso nos pagamentos, segundo os economistas da Serasa, que destacam “juros altos, inflação em termos anuais próxima do teto superior da banda (6,5%) e enfraquecimento do mercado de trabalho”. O fim dos feriados e algumas paralisações ocorridas em junho devido à Copa do Mundo também tiveram impacto sobre o resultado da inadimplência no mês passado, especialmente no âmbito dos cheques devolvidos e títulos protestados, que registraram as maiores variações.
Na margem, os títulos protestados, com alta de 21,2%, foram os principais responsáveis pelo avanço do indicador. Os cheques sem fundos cresceram 11,6% e as dívidas não bancárias - com cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água, por exemplo - apresentaram elevação de 6,1%, em julho ante junho. A menor alta registrada foi no número de dívidas junto aos bancos, com incremento de 0,3% na comparação mensal.
O valor médio das dívidas com os bancos caiu 6,8% no acumulado dos sete meses de 2014 sobre mesmo período do ano anterior, para R$ 1.263,80. Já a inadimplência não bancária subiu 14,1% em valor entre os períodos, para R$ 367,05, em média. O valor médio dos cheques sem fundo subiu 4,6%, para R$ 1.702,13, e o dos títulos protestados avançou 3,1%, a R$ 1.435,24, segundo a Serasa Experian.
Embora o nível de inadimplência preocupe, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) reduziram a projeção para o crescimento da inadimplência das pessoas físicas neste ano de 7,5% para 5,0% em relação a 2013. A economista do SPC Brasil Marcela Kawauti afirmou que as entidades haviam visto pico de alta da inadimplência e agora enxergam acomodação. Mesmo assim, projetam alta do número de inadimplentes no ano. “Como a atividade econômica continua ruim, os juros altos e a inflação em patamar desconfortável, as pessoas não têm sobra de dinheiro para pagar dívidas”, disse.
As empresas de água, luz, esgoto e gás são as mais preocupadas com as dívidas de seus consumidores, segundo CNDL e SPC Brasil. As companhias, que divulgam mensalmente dados de inadimplência, notaram que essas empresas estão negativando mais os consumidores inadimplentes atualmente. Esse movimento, segundo Marcela Kawauti, vem sendo registrado desde o ano passado. Em julho, a inscrição de dívidas com empresas de água, luz, esgoto e gás subiu 14,5% ante o mesmo mês de 2013. Há um ano, essa alta foi de 12,4%. “Esse número está acelerando. A base era um pouco baixa, porque não era um setor que costumava negativar”, avaliou Marcela.
O indicador de inadimplência do consumidor da Boa Vista avançou 2,6% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. A instituição destaca que os fatores relativos à inadimplência têm apresentado estabilidade - a seletividade das empresas que concedem crédito, o desaquecimento no mercado de trabalho e o aumento nas taxas de juros. “Com os últimos resultados, apesar da desaceleração na tendência de longo prazo (variação acumulada em 12 meses) observada em julho, a expectativa é de que ao final de 2014 o número de registros de consumidores inadimplentes cresça em torno de 3%”, informa em nota.
Veículo: Jornal do Comércio - RS