Banqueiros e empresários lamentam morte de candidato

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Banqueiros e empresários manifestaram pesar, ontem, pela morte de Eduardo Campos, candidato à Presidência pelo PSB e ex-governador de Pernambuco, em um acidente aéreo. Visto como bem articulado e com reconhecida capacidade gerencial, o candidato que falava música aos ouvidos do setor privado do país deixa um "vazio" de novas lideranças políticas no país, e sua a morte trágica e prematura muda o jogo eleitoral.

Jorge Gerdau chorou ao saber da notícia. Para ele, Campos era um "líder jovem competente, desses jovens que dão confiança ao Brasil". Ele destacou que o candidato do PSB "se distinguiu" por ser capaz de conjugar a política com a "habilidade gerencial".

Campos foi o único presidenciável a se declarar a favor da autonomia do Banco Central como elemento importante para o controle da inflação, a se comprometer com a redução da meta de inflação para 3% em 2019 e a bancar a criação do Conselho Nacional de Responsabilidade Fiscal nos moldes preconizados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) - e nunca implementado. Suas propostas combinavam uma visão liberal na economia com aprimoramentos dos programas sociais.

"Brasileiro admirado em todo o país, deixa uma trajetória política vitoriosa e marcada pela competência administrativa. Sua perda, aos 49 anos de idade, é uma perda para todo o Brasil, que sabia poder contar com ele como representante legítimo de uma nova geração de dirigentes nacionais", afirmou, em nota, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.

"Perdem muito o Brasil e a democracia", declarou o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, também em nota. O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, destacou que o Brasil perdeu um "grande líder político e um administrador público competente".

Para o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, a morte de Campos foi um "choque tremendo". Fraga participava do Fórum Exame 2014, representando o candidato do PSDB, Aécio Neves ao saber da notícia. "Acho que o país ficará de luto por um bom tempo."

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, cancelou sua participação no mesmo evento e, em nota disse: "Junto-me às vozes que lamentam perda súbita do ex-governador".

"Triste, muito triste", lamentou José Berenguer, presidente do J.P. Morgan no Brasil. "Era uma cara nova, com perspectivas importantes para a cena política do país, não só nessas eleições, mas para os próximos anos".

"Era uma pessoa jovem, que tinha um futuro brilhante e propostas muito boas para o país", disse Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. Barbato participou da sabatina com Campos durante evento da Confederação Nacional da Industria (CNI), onde o candidato do PSB foi o mais aplaudido. "Ele se saiu muito bem", comentou.

O presidente da Shell Brasil, André Araújo, considerou Campos "um grande líder que vinha ocupando um espaço na política nacional". O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro. resumiu: "Era um político com ideias novas".

A empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, afirmou ter se encontrado algumas vezes com ele, por fazer parte do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, e teve a impressão de que ele era "uma pessoa interessada, aberta ao diálogo e sensível às necessidades não só do setor varejista, mas do Brasil por inteiro".

Anfitrião de um dos últimos encontros entre Campos e entidades empresariais, Carlos Pastoriza, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquina e Equipamentos (Abimaq), afirmou à agência Globo que o conhecimento do político sobre os problemas que afetam o segmento, que vive um ano de fraco desempenho, impressionaram. "Ele nos impressionou pelo preparo e serenidade das colocações. Ele tinha entendimento da importância da indústria, até porque ele foi responsável pela reindustrialização de Pernambuco, com o complexo Suape."

O presidente do grupo Fiat na América Latina, Cledorvino Belini, disse, em nota, que Campos "era um político com foco em gestão, que pregava o planejamento e a visão de longo prazo". Belini se aproximou do ex-governador por causa da construção de uma fábrica da Fiat em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Uma das marcas do seu governo foi atrair investimentos para o Estado.

Em nota de pesar, a presidente da Petrobras, Graça Foster, escreveu: "Guardo comigo a melhor impressão de um homem determinado, um político atuante".

Os empresários e banqueiros evitaram opinar sobre o impacto da morte de Eduardo Campos e a possível candidatura de Marina Silva sobre o placar eleitoral.



Veículo: Valor Econômico


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