Retração da economia já é percebida no nível de emprego do comércio

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Setor fechou primeiros seis meses com déficit de 5.972 vagas em Minas


Os efeitos da desaceleração da economia brasileira já rondam os empregos do comércio, setor que nos últimos anos sustentou não somente o crescimento do país, como garantiu a geração de vagas, ao lado do agronegócio. Para se ter uma ideia, números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram que o varejo foi o único segmento com déficit na criação de postos de trabalho em Minas Gerais no primeiro semestre deste ano.

De acordo com o MTE, entre janeiro e junho a atividade contratou 277.855 pessoas e demitiu 283.827 no Estado, o que provocou saldo negativo de 5.972 empregos no período. Quando considerado apenas o sexto mês de 2014 houve superávit de apenas dez vagas.

Na avaliação de economistas e representantes do setor consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, a queda registrada na primeira metade deste exercício está relacionada ao atual cenário econômico do país e pode ser pontual. Porém, acende a luz amarela quanto aos próximos meses deste exercício.

Copa - Segundo a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos, a Copa do Mundo contribuiu para o resultado negativo. Para ela, além de ter prejudicado alguns segmentos durante o período de realização dos jogos, em virtude da redução do número de dias úteis, o fim do campeonato fez com que alguns trabalhadores temporários que haviam sido contratados durante a preparação do evento fossem dispensados ao seu término.

"De qualquer maneira, é um sinal de alerta, pois se as vendas continuarem no ritmo que estão os comerciantes não conseguirão manter os postos fixos, e tão logo estarão demitindo mais. A indústria mineira já vem registrando baixa no nível de emprego há alguns meses e agora isso também pode ser observado no comércio. As pessoas estão ficando sem trabalho, sem renda e deixando de consumir. Isso cria um ciclo e o comércio também acaba prejudicado", explica.


Pessimismo - Já o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) Gabriel Ivo lembra que o nível de emprego era o único indicador que ainda não havia sido afetado expressivamente pela atual situação do comércio no país. "O cenário indica que dificilmente haverá melhora. Inflação em alta, taxas de juros elevadas e investimentos reduzidos culminam com a dispensa de mão de obra nos mais diversos segmentos", diz.

Conforme ele, nem mesmo a proximidade do Natal, considerada a principal data para o varejo em termos de vendas, será capaz de reverter o quadro. "O período deverá elevar as vendas na comparação com outras épocas do ano, mas não frente aos exercícios anteriores. Em relação aos empregos, acho que vamos ter um cenário de estabilidade. Não vamos ter criação de vagas excedentes, nem demissão em massa", completa.

O superintendente da Associação de Lojistas de Shopping Center de Minas Gerais (Aloshopping), entidade ligada ao Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Alexandre Dolabella França, lembra que o setor é sempre o último a demitir, mas ressalta que o desaquecimento econômico vem sendo registrado desde o ano passado, chegando a um ponto que não é mais possível evitar as conseqüências.

"A piora na economia e a conseqüente desaceleração do comércio estão desenhando esse cenário. O crescimento pífio de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) registrado na primeira metade deste ano mostra que a situação não vai bem em diversos segmentos nacionais", conclui.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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