Os agentes de mercado consultados pelo Banco Central retraíram ainda mais as suas perspectivas quanto ao potencial de crescimento da economia brasileira em 2009. A nova aposta é de incremento de apenas 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o resultado de consultas encerradas na última sexta-feira, 13 de fevereiro e divulgadas ontem pelo BC. Isso representa três semanas consecutivas de piora das expectativas do mercado, sem trégua no crescimento do pessimismo. Os agentes de mercado revisaram também as estimativas para o PIB de 2010, passando a apontar para crescimento de 3,6%, frente projeção de 3,8% presente no boletim anterior.
Na virada de 2008 para 2009 vigorava expectativa de evolução do PIB em 2,4% neste ano, mas aos poucos essa projeção foi minguando. Logo em seguida houve uma queda das estimativas para 2%, sendo esse índice mantido durante três semanas. Depois disso, foram três quedas sucessivas, até atingir esta última e pior projeção de que o PIB brasileiro vai crescer somente 1,5% este ano. A pesquisa do BC é realizada a partir de consultas a cerca de cem agentes de mercado e divulgada semanalmente. Foi mantida, em relação à semana anterior, a projeção de crescimento de 1,5% da produção industrial.
A perspectiva de expansão menor da economia atingiu também outro indicador, referente ao comportamento da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP). A nova projeção é que a dívida represente 36,2% do PIB ao final do ano, frente estimativa de 36,1%, na semana anterior. O índice não significa que o mercado aposta em um aumento maior que o esperado da dívida. Trata-se de um efeito da retração do crescimento do PIB. A combinação entre PIB mais fraco e dívida estável faz com que cresça, em termos percentuais, a participação do endividamento sobre as riquezas do País.
O boletim divulgado ontem pelo BC não trouxe apenas más notícias. Há perspectiva de aumento do fluxo de Investimento Estrangeiros Diretos para US$ 23 bilhões, frente aposta de US$ 22,5 bilhões, na semana anterior. A projeção para a Selic ao final de período é agora de 10,5% ao ano; frente estimativa de 10,75%, no boletim anterior. Hoje a taxa é de 12,75% ao ano. Foram mantidas, em relação à pesquisa anterior, as projeções de superávit de US$ 14 bilhões na balança comercial e de déficit de US$ 25 bilhões em conta corrente.
Os agentes de mercado também reduziram a maior parte de suas projeções de inflação. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu para 4,69%, contra 4,73% no boletim da semana anterior. A projeção para o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi reduzida de 4,63% para 4,57%. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) foi reduzida de 4,53% para 4,50%. No relatório da semana passada, os agentes de mercado haviam revisado para cima as projeções desses três índices em relação ao período anterior. Caíram as estimativas de alta dos preços administrados, de 5% para 4,9%.
O único indicador de inflação que não havia sido alterado na pesquisa da semana passada foi o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), o qual agora foi também o único a ser revisado para cima. A nova estimativa para o IGPM é de alta de 4,25%, frente os 4,24% indicados na pesquisa anterior.
Veículo: Gazeta Mercantil