Varejo registra em 2014 pior desempenho em 11 anos

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Vendas subiram 2,2%, após avanço de 4,3% em 2013; crise, inflação, juros, dívidas e crédito restrito pesaram

 



A economia fraca somada à inflação e aos juros altos, ao crédito menos disponível e às famílias endividadas levou as vendas do comércio varejista a registrar, em 2014, seu pior desempenho em 11 anos --o que deve abater o PIB, segundo analistas.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio de dezembro, divulgada nesta quarta (11) pelo IBGE, a alta de 2,2% é a menor desde 2003. Apesar da variação positiva, o comércio vem de dois anos em que o ritmo de avanço caiu praticamente à metade. Após subirem 8,4% em 2012, as vendas em 2013 cresceram 4,3%.

Além da economia estagnada, analistas atribuem o mau desempenho ao esgotamento das políticas de incentivo ao consumo por meio de desonerações fiscais de produtos e crédito facilitado. Segundo o professor da FGV Rio e especialista em varejo Roberto Kanter, o ciclo de consumo das classes C e D, as maiores beneficiadas por essas medidas, chegou ao fim: "Diferentemente das classes A e B, as classes médias baixa e baixa não trocam de televisão uma vez a cada dois anos. Elas se beneficiaram do boom do crédito, mas pararam de comprar".

Esse esgotamento, somado a um mercado de trabalho menos dinâmico e a um cenário de incertezas no ano eleitoral, fez com que as vendas de dezembro, geralmente engordadas pelo Natal, crescessem apenas 0,3% em relação a igual período de 2013. Ante a novembro, houve queda de 2,6%.

O Natal fraco refletiria ainda a antecipação das compras na chamada Black Friday, promoção que ocorre em novembro e visa sobretudo eletrônicos, avalia o IBGE. O Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco corrobora a tese. Em novembro, as vendas de eletrônicos subiram 7,6%. No mês seguinte, caíram 8,8%.

Para a consultoria Tendências, o mau desempenho do comércio no final do ano influenciará no resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do último trimestre de 2014. "O resultado de dezembro veio abaixo do esperado, e a equipe de análise decidiu reduzir a perspectiva de crescimento do PIB do quarto trimestre, de 0,1% para -0,1%", afirmou o analista de varejo João Morais.




Veículo: Folha de S. Paulo


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