Vendas externas gaúchas caem 14,6% em fevereiro

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Exportações da indústria no mês atingiram o pior patamar desde 2006

 



As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 874 milhões em fevereiro, representando uma retração de 14,6% em comparação com o mesmo mês de 2014. Esse resultado foi puxado pela indústria, que registrou queda de 15,3% (totalizando US$ 758 milhões). Parte da explicação passa pelo efeito do calendário, devido ao menor número de dias úteis decorrentes do feriado de Carnaval, que ocorreu no mês de março.

"As quedas expressivas da demanda externa dos países do Mercosul, principalmente da Argentina, e a conjuntura econômica bastante desfavorável para a produção também contribuíram negativamente. Como consequência, as vendas externas do setor industrial estão no pior patamar para o mês desde 2006", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, ao avaliar o desempenho da balança comercial.

De um total de 24 subcategorias do setor secundário do Rio Grande do Sul, apenas quatro tiveram crescimento, enquanto 14 caíram e seis ficaram estáveis. Os principais resultados negativos vieram de Químicos (-43,2%), Couro e Calçados (-27,4%) e Máquinas e Equipamentos (-24,7%). Os destaques positivos foram de Tabaco (26,7%) e Produtos Alimentícios (11,9%).

Já as vendas externas dos chamados produtos básicos (commodities) também desaceleraram (-6,4%, somando US$ 103 milhões), influenciadas pela forte retração da demanda externa por soja (-99%) e de milho (-100%). O resultado só não foi pior em função da exportação atípica de trigo no período, que somou US$ 93,6 milhões.

Em relação aos destinos das exportações do Estado, os dois principais países compradores reduziram seus pedidos. Os Estados Unidos garantiram a liderança (US$ 81,2 milhões), embora a demanda tenha encolhido em 10,1%, adquirindo basicamente tabaco não-manufaturado. A segunda posição ficou com a Argentina (US$ 78,9 milhões), que diminuiu em 20% as encomendas e recebeu basicamente veículos automotores. Na sequência, veio a Holanda (US$ 47,1 milhões), ao elevar em 112,7% sua solicitação, cujo principal produto foi óleo de soja.

Ainda sobre o desempenho de fevereiro, as importações totais recuaram 46,5%, somando US$ 827 milhões. Trata-se do valor mais baixo para o mês de fevereiro desde 2009.

Além disso, todas as categorias de uso encolheram, em especial Combustíveis e Lubrificantes (-73,0%) e Bens Intermediários (-34,8%). "Esse resultado reflete o quadro recessivo da economia gaúcha, aliado à desvalorização do real e ao pessimismo dos empresários industriais gaúchos para os próximos meses", salientou Heitor Müller.

No acumulado dos dois primeiros meses do ano, as exportações totais caíram 12,5%, com a indústria retraindo 16,9%. Os principais destaques negativos vieram de setores como Celulose e Papel (-58,8%), Químicos (-31,9%), Máquinas e Equipamentos (-27,4%) e Couro e Calçados (-23,0%).

Competitividade nas exportações brasileiras requer dólar a R$ 3,75

O real teria de se enfraquecer ainda mais para tornar o setor exportador brasileiro competitivo como foi no passado. A avaliação é do diretor da Fitch, Joe Bormann.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira, Bormann comenta que as estruturas de custos das companhias brasileiras foram devastadas pela inflação registrada no País ao longo da última década.

"A taxa de câmbio teria de se desvalorizar a R$ 3,75 para que as posições competitivas de 2004 fossem trazidas de volta", estima.

Apesar da pressão de custos ao longo da última década, algumas indústrias continuam a prosperar, ressalta a Fitch no texto. Um exemplo utilizado pela agência é o segmento de celulose, que conta com companhias como Fibria e Suzano.

Já no setor de mineração, a Vale conta com vantagens derivadas de seu tamanho e qualidade do minério de ferro. Por outro lado, empresas como CSN, Usiminas e Gerdau não têm a mesma sorte.

A Fitch ainda cita o enfraquecimento da indústria automobilística brasileira e do segmento de açúcar e álcool. O relatório também ressalta que melhoras significativas não devem acontecer no curto prazo.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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