Levy pede confiança para ajuste rápido

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A empresários, ministro da Fazenda diz que aprovação imediata de medidas fiscais dará rumo à economia e evitará mais inflação

 



O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou, ontem, durante reunião com empresários em São Paulo que o país necessita da rápida aprovação de medidas que melhorem as contas públicas e, assim, aprimorem o ambiente econômico no Brasil, evitando a perda do grau de investimento atribuído pelas agências de classificação de risco, a deflagração de uma crise cambial e a elevação da inflação. Propostas do governo com o objetivo de elevar a arrecadação tributária e reduzir gastos com benefícios previdenciários, que consistem no ajuste fiscal anunciado pelo próprio ministro, tramitam no Congresso Nacional.

Para conseguir celeridade no processo, Levy considera necessário o respaldo da sociedade. “O apoio da população ao ajuste é muito importante. As razões dele estão claras”, pregou o ministro. “Se fizermos ajuste rápido, as pessoas poderão sentir chão firme para começar a trabalhar”, disse Joaquim Levy, um dia depois das manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff realizadas em Brasília, nas capitais de vários estados e em grandes cidades do interior. “A gente não faz um ajuste pelo ajuste. É para ajeitar a casa, limpar o convés, levantar as velas e seguir”.

Segundo Levy, o baixo crescimento da economia brasileira não é um impedimento para os cortes de gastos, mas sim a razão para esse tipo de política. “O ajuste existe por causa do enfraquecimento do PIB (Produto Interno Bruto) e não o contrário”, explicou. Na próxima semana será divulgado o PIB de 2014. De acordo com o ministro, a alta da cotação do dólar em relação ao real na semana passada foi um “ajuste”, assim como a queda no preço das commodites agrícolas e minerais, em consequência do fim de políticas anticíclicas nos Estados Unidos e na China.

“A mudança de preços relativos tem a ver com a mudança de política de nossos principais parceiros comerciais e financeiros. Se a gente usou bem ou mal o período, essa é outra questão. Agora a gente tem que se adaptar”, afirmou Levy, no que pode ser compreendido como uma crítica à gestão anterior à sua na Fazenda. A moeda norte-americana teve leve queda, ontem, de 0,14%, fechando a R$ 3,245. No mês, porém, a alta acumulada já é de 13,76%. No ano, alcança 22,2%.

Diante do novo cenário cambial, o ministro afirmou que não há mais justificativas para manter as desonerações sobre a folha de pagamentos a determinados setores. “Como imaginar que as empresas não paguem mais a Previdência?” No fim do mês passado, Levy chamou a desoneração de “brincadeira”, expressão que lhe valeu o puxão de orelhas da presidente Dilma.

A retomada de investimentos virá, segundo o ministro, com reabertura das concessões na área de infraestrutura, possivelmente com novas regras. “Vamos retomar as concessões, talvez em bases diferentes, para permitir maior participação do capital privado.” Para o economista Ricardo Nogueira, superintendente de operações da Corretora Souza Barros, o dólar caiu ontem porque já havia subido muito na semana passada. O especialista chama a atenção para outro fator: a queda no preço do petróleo, o que significa que o país precisará de menos dólares para importar combustível.

A cotação da moeda norte-americana vai continuar com viés de alta, segundo José Roberto Carrera, operador de câmbio da Fair Corretora, “enquanto o Congresso não aprovar medidas de ajuste fiscal”. O economista Demetrius Lucindo, da DMLB Investimentos, acha que mesmo com uma eventual correção de rumos nas contas públicas, o dólar vai continuar se valorizando.



Veículo: Estado de Minas


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