Os empresários brasileiros estão menos otimistas este ano em relação a investimentos do que no ano passado. Em 2008, 89% dos empresários afirmavam no começo do ano que iriam fazer investimentos, percentual que caiu para 82% neste ano. A pesquisa é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que realizou levantamento com 1.407 industriais em todo o Brasil, no período de 5 e 26 de janeiro desse ano.
Além da redução do otimismo dos industriais, a incerteza quanto ao futuro da economia brasileira nos próximos seis meses pode frustrar esses planos de investimentos previstos para 2009. Apesar de a maioria prometer investir neste ano, 75% dos empresários consultados afirmaram que poderão rever seus planos e deixar de fazer parte dos investimentos ou até mesmo na sua totalidade se a crise persistir.
De acordo com o economista e gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, os resultados dessa pesquisa foram influenciados pela crise financeira. "Os empresários não estão otimistas quanto aos próximos seis meses. A crise foi forte o suficiente para fazer as empresas reavaliarem seus planos de investimento", afirmou o economista.
Melhoria da qualidade
Segundo a confederação, a natureza dos investimentos este ano será diferente. As empresas passarão a investir na melhoria da qualidade dos produtos. Ao todo, 41% dos industriais assinalaram esse como o principal objetivo para 2009. No ano passado, a prioridade era o aumento da produção, mas esse quesito perdeu força este ano. O percentual de industriais que planejam aumentar a produção caiu de 58% em 2008 para 40% em 2009. "Deixa de ser importante aumentar a produção, a ideia agora é investir em eficiência", diz Renato da Fonseca.
O economista declarou que existe um pessimismo elevado entre os empresários e quem tiver produtos e serviços de melhor qualidade irá se destacar. "A crise obriga a ser mais competitivo, com mais agilidade na entrega dos produtos. Algumas empresas vão ser mais fortes porque estão investindo em eficiência", avaliou.
Com a redução na demanda por causa da crise financeira, 45% das empresas deixarão de comprar máquinas e equipamentos este ano, 41% manterão as compras e 14% irão aumentar esse volume. As grandes empresas foram as que tiveram o maior percentual de redução, com 53%. Apenas o setor de refino de petróleo pretende aumentar os seus investimentos em maquinário. Enquanto os setores de álcool, veículos automotores, papel e celulose e produtos de metal são os que mais vão reduzir os investimentos em máquinas. Em todos os outros setores pesquisados a expectativa é de queda.
Além disso, a alta capacidade instalada das indústrias é outro fator que contribui para a redução nos investimentos em maquinário. Segundo a CNI, a capacidade instalada das indústrias está mais do que adequada para atender a demanda de 2009. Os setores que mais apresentaram excesso de capacidade foram os de veículos automotores e produtos de metal. Na pesquisa, 24% das empresas consultadas disseram que estão operando acima da demanda.
A maior parte dos investimentos previstos para 2009 terão como foco o mercado interno. Segundo a pesquisa, 73% dos empresários responderam que o objetivo é a demanda interna. Outros 24%, responderam que irão tratar de forma igual os mercados internos e externos e somente 3% dos industriais darão prioridade à demanda externa. "A crise está afetando fortemente o comércio exterior brasileiro", declarou Renato da Fonseca.
A pesquisa mostrou também os números de 2008. Segundo o levantamento, as incertezas econômicas levaram as empresas a adiar os investimentos programados. No ano passado, apenas 42% realizaram os investimentos planejados. Outras 44% gastaram apenas parte do programado. Em 7,6% das empresas, os investimentos foram adiados para 2009, enquanto o restante (6,7%) cancelou ou adiou os investimentos por tempo indeterminado.
Veículo: Gazeta Mercantil