A taxa de desemprego no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) alcançou 13,1% da População Economicamente Ativa (PEA) em janeiro de 2009, ante 12,7% em dezembro de 2008. O nível de ocupação foi reduzido em 1,3% no período.
Nas capitais - Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Distrito Federal (DF) - o contingente de desocupados foi estimado em 2,620 milhões de pessoas, com acréscimo de 75 mil desempregados, na comparação com o mês anterior. Apesar deste ser o maior avanço já registrado para o período, o índice de 13,1% é o menor já visto no mês de janeiro, desde o início da pesquisa, em 1998.
De acordo com Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do Dieese, a pesquisa sinaliza que o patamar de aumento do desemprego mudou com a aceleração apurada de dezembro para janeiro.
"A expectativa é que tenhamos um movimento sazonal agravado pela crise. Teremos taxas mais elevadas de desemprego do que era esperado", afirma Lucio. O diretor do Dieese, acredita que o primeiro trimestre será um período de "notícias ruins para o mercado de trabalho". A dúvida dos pesquisadores se prende às consequências desta retração da oferta de emprego nos trimestre seguinte.
Na avaliação do diretor do Dieese, cenário não dever ser alterado nos próximos meses. "Em fevereiro e março o mercado de trabalho deve piorar", afirma. O nível de efetivação será alterado neste período, ao contrário do que ocorreu no ano passado. "Os temporários provavelmente não terão o mesmo movimento de absorção por parte das empresas", assinalou. "Quem perder o emprego agora não vai necessariamente conseguir ocupação dentro de 2 ou 3 meses", assinala.
Obras públicas
Segundo Ganz, há ações relacionadas a investimentos em obras públicas e as políticas a serem apresentadas na área habitacional, que podem reduzir o impacto do desemprego nos próximos meses. O resultado destas iniciativas associado à valorização do salário mínimo e do bolsa família podem atenuar o quadro.
As medidas do governo não terão resultados imediatos sobre o mercado de trabalho. O primeiro impacto será a mudança de ânimo dos agentes econômicos. "Há o efeito da expectativa que tem de estar combinado com outros como a redução das taxas de juros pelo Banco Central (BC). Há medidas que são complementares", assinala.
Em janeiro, o nível de ocupação caiu 1,5% na região metropolitana de São Paulo, o que, segundo o Dieese "é típico para o período" . O número de ocupados foi estimado em 9,132 milhões de pessoas, 137 mil a menos do que no mês anterior. De acordo com a pesquisa, o resultado deveu-se aos decréscimos nos setores de Serviços (1,7%), no agregado Outros Setores (2,4%, principalmente na Construção Civil) e na Indústria (1,4%, pelo segundo mês consecutivo), uma vez que o nível de ocupação no Comércio se manteve quase inalterado (-0,3%).
Dentre as capitais, Salvador foi a única que apresentou redução do índice, passando de 19,8% em dezembro de 2008, para 19,4% em janeiro de 2009, com diminuição de 2%. São Paulo e Belo Horizonte tiveram os maiores aumentos na taxa, com variação positiva de 5,9% e 4,8% respectivamente, alcançando 12,5% e 8,8%. Apesar do aumento, os índices se mantêm bem abaixo do registrado em Salvador.
Veículo: Gazeta Mercantil