Comerciantes de BH contabilizam perdas quase um ano após a Copa do Mundo

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Quase um ano depois da Copa do Mundo, o comércio da Região Central de Belo Horizonte busca se reestruturar, cortar custos e renegociar preços do aluguel para enfrentar a redução da demanda e o menor movimento de clientes. A festa que deu visibilidade internacional à capital e marcou Belo Horizonte como palco dos inesquecíveis 7 a 1 a favor da Alemanha ainda não mostrou seus efeitos em um crescimento da demanda. Projeto de mobilidade urbana, o Move reorganizou o fluxo do transporte, mas contribuiu também para esvaziar as lojas.

“Para o Centro da cidade a grande herança da Copa foi o Move. A mobilidade das pessoas melhorou, mas a promessa de que o Centro se transformaria em um grande shopping a céu aberto ainda não aconteceu”, avalia Flávio Assunção, presidente da Associação dos Comerciantes do Hipercentro.

O sistema de transporte retirou os pontos de ônibus dos passeios, transferindo os passageiros para as estações ao centro das avenidas, o que contribuiu para intensificar a queda do movimento nas lojas. “A Copa foi um momento legal, de visibilidade para a cidade, muito embora, na época, o comércio não tenha sentido os estrangeiros como clientes. A expectativa era que, com as obras feitas antes do Mundial, o movimento melhorasse, mas, pelo contrário, o fluxo de consumidores caiu 20%.”

PÉ ATRÁS Na Região Central, quem foi cauteloso e optou por comprar estoques pequenos de produtos verde-amarelos acertou mais. Já comerciantes que investiram em um volume maior precisaram abrir espaço no estoque para guardar as sobras por mais quatro anos. São bandeiras, enfeites, cornetas e apitos que terão de ficar encaixotados até 2018.

À frente da Pag Pouco, Élcio Machado tem lojas temáticas nas ruas dos Caetés e São Paulo e na Avenida Paraná. Ele conta que já trabalhou no comércio em Copas passadas e considera que o movimento desta vez foi mais fraco. Além de o Mundial ter acabado mais cedo para o Brasil, na leitura do comerciante, os consumidores não se empolgaram tanto. “Fiquei com uma sobra de estoque de 50%, que terei que guardar para vender na próxima Copa. Isso não é bom. Melhor seria se o produto tivesse faltado.”

Jaqueline Bacha, tem cinco lojas de vestuário no Centro e apostou menos: comprou estoque pequeno e conseguiu vender as camisas. Ela diz que depois dos jogos o movimento do comércio desacelerou na região. “O Centro ainda é o melhor lugar para fazer compras. Acredito que a redução do movimento pós-Copa, foi provocado pela crise e pela reestruturação do trânsito com a entrada do Move”, defende. “O Centro tem como grande atrativo a localização, a variedade, boa qualidade e os preços competitivos”, diz.

Ela conta que, como vários empresários, tem feito ajustes como redução de custos, além de ter congelado as vagas. “Hoje, tenho 200 funcionários, mas poderia ter um quadro maior. Novas contratações estão suspensas”, comentou. Jaqueline acredita que para fazer frente a crise, e à redução do fluxo de clientes, era preciso haver uma política de compensação. “Uma redução da carga tributária, que é muito pesada”, sugere.

Dono da A Nova BH, Flávio Assunção, garante que a queda do movimento foi generalizada no pós-Copa. “Hoje, existem muitos pontos para alugar na Região Central, o que não se via antes. Os preços dos aluguéis também tendem a sofrer uma redução. Os comerciantes estão tentando se adequar à nova realidade de não ter mais o cliente em circulação nos passeios.” Ele lembra que lojistas de ruas da região, como os da Santos Dumont e da Paraná, já vinham sofrendo com as obras de revitalização que antecederam à Copa, empoeiraram as mercadorias, fecharam quarteirões e afastaram os clientes.



Veículo: Estado de Minas


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