O Banco Central já realizou intervenções de US$ 66,2 bilhões desde a acentuação da turbulência financeira global para segurar o câmbio e garantir crédito em moeda estrangeira no mercado interno. O número refere-se à posição acumulada de setembro até o dia 2 de março. Desse total, US$ 14,5 bilhões foram aplicados no mercado de câmbio à vista, gerando impacto direto nas reservas internacionais; outros US$ 9,7 bilhões foram destinados às linhas de empréstimo com obrigação de recompra pelo BC; e US$ 9,6 bilhões envolvem empréstimos para exportação. Já as operações de swap cambial somaram outros US$ 32,4 bilhões desde o agravamento da crise. Essas operações funcionam como um "empréstimo" de dólares pelo BC, com compromisso de retorno da moeda estrangeira.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, destacou a recuperação do volume de contratações de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACCs), com média diária de US$ 146 milhões em fevereiro. Em janeiro, a média diária foi de US$ 114 milhões. O índice de rolagem dos ACCs (renovação dos empréstimos) subiu para 95% em fevereiro, o melhor percentual desde outubro. Em janeiro, somente 75% dos ACCs foram rolados. Meirelles disse que R$ 99,8 bilhões foram liberados do colchão de depósitos compulsórios, considerando posição até 27 de fevereiro. No final de agosto, o total de recolhimentos obrigatórios era de R$ 259,4 bilhões.
O presidente do BC afirmou disse que o Brasil tem reservas internacionais "verdadeiras" que permitiram ao País resistir com mais força aos impactos da crise. Ao final de agosto, essas reservas somavam US$ 205,1 bilhões, reforçadas por mais US$ 21,9 bilhões a ingressar no caixa devido a operações de swap reverso, ou seja, compra de dólares do BC no mercado futuro. Atualmente, as reservas internacionais estão ao redor de US$ 200 bilhões.
Pressionado em relação à queda da taxa Selic - inclusive pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega -, Meirelles não deu pistas sobre a possibilidade de queda do juro básico, embora tenha destacado a queda gradual promovida no decorrer nos últimos anos. "Não compete ao presidente do Banco Central anunciar medidas futuras. Isso seria um sinal de inadequação. Mas a história dos últimos seis anos mostra que tem dado certo", disse Meirelles. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (CMN), que vai tratar do novo patamar da Selic, ocorre na semana que vem. "Não se conseguiu nada nos últimos anos com atitudes impensadas, demagógicas, de curto prazo." Segundo o presidente do BC, eventuais mudanças na Selic consideram os fatores que levaram o Brasil a ter estabilidade perante a crise, como a responsabilidade fiscal, e que isso tem de ser preservado.
Meirelles argumentou que outros países têm juros básicos mais baixos que os do Brasil, mas nem por isso o juro ao tomador final é baixo, referindo-se especificamente ao mercado norte-americano. "Trabalharemos para que os spreads voltem a baixa para os patamares do período pré-crise.
Veículo: Gazeta Mercantil