A atividade industrial paulista melhorou em janeiro, apesar dos efeitos da crise mundial, informou ontem a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O Indicador de Nível de Atividade (INA) subiu 6,2% em janeiro, frente dezembro, quando houve retração de 13,1% (dado revisado), já considerando os ajustes sazonais. Sem considerar o ajuste sazonal, o INA avançou 0,9% na mesma comparação.
Apesar do resultado positivo de janeiro em relação ao mês anterior, a atividade da indústria apresentou queda de 15,7% em relação a janeiro de 2008. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 2,2%.
Segundo a Fiesp, as vendas reais registraram retração de 14% em janeiro face dezembro, sem considerar a sazonalidade. Na comparação com janeiro de 2008, as vendas recuaram 5,7%.
O resultado registrado do início do ano acontece depois de um período de forte retração da indústria paulista. O desempenho positivo de janeiro sobre o mês anterior ocorreu depois de o setor acumular a uma perda de 20% na atividade industrial no período de outubro e dezembro de 2008, segundo dados da Fiesp.
Em janeiro, entre os segmentos industriais avaliados pela entidade, a maior baixa da atividade ficou com a indústria de metalurgia básica, que desabou 6,2% sobre dezembro, com ajuste, e 38,7% ano a ano.
"Esse setor tem o pior desempenho do índice porque sofre com a queda da demanda e dos preços mundiais e também com o cenário interno, por estar ligado ao setor automotivo", declarou Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp.
Do lado positivo, destacaram-se os crescimentos da atividade de Minerais não metálicos e Máquinas e equipamentos.
O uso da capacidade instalada na indústria do estado, considerando os dados sem ajuste sazonal, totalizou 76,6% em janeiro, ante 75,9% em dezembro e 81,4% em igual mês de 2008.
A melhora da atividade industrial paulista em janeiro, expressa na primeira leitura mensal positiva desde setembro, sinaliza que o pior ficou para trás. Este resultado, no entanto. ainda não sugere uma recuperação do setor industrial já que boa parte do crescimento deve-se à comparação com um período no qual o desempenho foi muito fraco.
Essa avaliação foi reforçada por um índice sobre o humor do empresário industrial, que melhorou ligeiramente em fevereiro, mas ainda segue em níveis baixos, o que mantém as perspectivas negativas em relação ao emprego.
"Na intensidade, as quedas passadas (de outubro a dezembro) foram o pico, foram o efeito da chegada da crise" afirmou Francini. Segundo ele os dados de janeiro não foram suficientes para alterar o quadro e "o ajuste da produção (para baixo) vai acontecer continuamente". Ainda sem previsões para o ano, o diretor da Fiesp não indicou quando ocorrerá a virada.
Francini comentou o ajuste do dado de dezembro, que sofreu uma forte revisão para baixo --passando de recuo preliminar de 5,2% ante novembro para queda de 13,1%.
Segundo o diretor da Fiesp, a mudança deveu-se ao fato de que muitas empresas não informaram os números a tempo, já que dezembro é um mês em a atividade é menor e algumas indústrias estavam em período de férias. A correção também refletiu o recuo maior que o esperado da produção registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já que a Fiesp usa uma previsão desse dado como parte do cálculo de seu indicador.
Cenário pessimista
De acordo com a pesquisa Sensor, da Fiesp, que mede o humor dos industriais, ficou estável passando para 42,3 pontos na segunda quinzena de fevereiro ante 42,4 pontos na primeira. Uma leitura abaixo de 50 indica pessimismo.
O componente de mercado apresentou melhora, alcançando 49,9 pontos, mas os de emprego e investimento deterioraram-se, passando para, respectivamente, 41,7 e 42,8 pontos, ante leituras de 44,0 e 47,0 na primeira quinzena.
"O Sensor mostra que as expectativas dos agentes continuam negativas e que o emprego continuará se reduzindo. O emprego vai piorar, sim. Não vejo maneira de dizer que não vai", afirmou Francini.
Veículo: Gazeta Mercantil