Desânimo dos industriais às vésperas do fim do ano

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O segundo semestre é historicamente melhor do que o primeiro para a indústria, pois é preciso produzir para atender à demanda do comércio para as vendas de Natal e de fim de ano. Mas nem esse esperado comportamento sazonal se observa em 2015. Faltando dois meses para o ano acabar, cresce o desânimo das companhias, medido pelo Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice mostrou o pior comportamento desde 1999.

Em dois anos, o Icei caiu 35%, de 54,5 pontos em novembro de 2013 e no campo positivo (acima dos 50 pontos) para 35 pontos e no campo negativo, neste mês. Só em 2015 a queda foi de 21% e, nos últimos 12 meses, de 23,5%, mostrando quão rapidamente as condições atuais e as expectativas se deterioraram.

Pequenas, médias e grandes empresas têm percepção semelhante da crueza dos tempos.

Medido pela percepção dos negócios nos últimos seis meses, o Icei é de apenas 26,5 pontos, chegando a 39,3 pontos quando se avaliam as expectativas. Há uma ponta de otimismo quanto ao futuro, seja ela justificada ou não.

As condições da economia brasileira são determinantes da desconfiança dos empresários: neste item, o indicador é de 17,5 pontos, queda de 41% em relação a outubro de 2014. Quando a pergunta é sobre o estado da empresa, este é avaliado em 31,3 pontos. Isto é, o País está pior que a empresa.

Há um ano, no campo positivo estavam as indústrias extrativa, de alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos, todas acima dos 50 pontos. Neste mês, todos os ramos industriais estão em declínio. Nem o segmento farmacêutico escapa, embora a população esteja envelhecendo e, como consequência, demande mais remédios e tratamentos.

A pesquisa da CNI retrata o encolhimento da indústria, cuja participação no Produto Interno Bruto (PIB) caiu cerca de seis pontos porcentuais nos últimos seis anos e hoje mal supera os 10%. Para uma queda do PIB de 3%, como preveem os consultados para a pesquisa Focus, do Banco Central, o recuo da indústria deverá ser quase o dobro (5,5%).

A indústria está sujeita à competição global. Mas, enquanto os juros e a carga tributária são altos, a produtividade é baixa, a volatilidade do câmbio é excessiva e a infraestrutura é sofrível, o que limita a possibilidade de recuperação a curto prazo. Como estará o parque industrial após mais um ano de recessão?

 


Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo





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