A projeção para inflação deste ano subiu de 10,38% para 10,44%, segundo Relatório Focus divulgado ontem. O número representa a 12ª semana consecutiva de alta nas análises do indicador. Há quatro edições do documento, a mediana alcançava 9,99%.
Para 2016, a mediana das projeções para o IPCA também voltou a subir após uma semana de estabilidade, indo de 6,64% para 6,70%. O Banco Central (BC) já avisou focar, agora, em 2017 para a tarefa de levar a inflação para o centro da meta.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, o BC havia apresentado estimativa de 9,5% para este ano. Pelos cálculos da instituição revelados no último RTI, o IPCA para o ano que vem foi de 4,8% para 5,3% no cenário de referência e passou de 5,1% para 5,4% no de mercado.
Para a inflação de curto prazo, a estimativa para dezembro permaneceu em 0,85%. Já as expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente voltaram a cair, passando de 7,08% para 6,99%.
Quanto à taxa básica de juros, a Selic, o mercado financeiro ajustou sua estimativa ao fim do ano que vem, mantendo-a em 14,25% ao ano ao longo de todo 2016.
A mediana das previsões do Relatório Focus para dezembro do ano que vem saiu de 14,13% ao ano para 14,25%.
Ainda segundo o boletim, o dólar deve chegar ao final deste ano comercializado a R$ 3,95. O câmbio médio de 2015 também permaneceu em R$ 3,39. Há quatro edições, a mediana estava em R$ 3,40.
Já para o encerramento de 2016, a mediana das estimativas seguiu em R$ 4,20 pela sexta semana seguida. Já o ponto central da pesquisa para a cotação média de 2016 caiu de R$ 4,11 (valor anotado quatro semanas atrás) para R$ 4,10 de uma semana para outra.
Baixa renda
Ainda ontem, o economista André Braz, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), avaliou que o quadro da inflação percebida pelas famílias da baixa renda pouco deve mudar até o fim do ano. A alta de 11 22% em 12 meses no Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) até novembro deve remanescer em dezembro e pode promover o aumento da desigualdade.
"A inflação tem sido mais elevada justamente onde o orçamento dos mais pobres é mais exigido. Alimentação, habitação, com as contas de luz, e os transportes, que incluem ônibus, foram os grupos que mais subiram ao longo deste ano, com altas acima da média nacional", afirma.
Apenas em novembro, a inflação da baixa renda subiu 1,06%, mais uma vez acima da média das famílias brasileiras, divulgou a FGV. Os alimentos foram os protagonistas, diante do avanço de 2,32%.
"Tenho certeza de que essa pressão de alimentos vai aliviar um pouco. Mas o índice como um todo não deve desacelerar muito, ficando em torno de 0,9% [em dezembro]", afirma Braz.
Veículo: Jornal DCI