O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou na sexta-feira que a inflação deve iniciar uma trajetória de queda, depois de atingir em 12 meses uma alta de mais de 10%. Segundo ele, neste ano houve uma série de compensações que vinham se acumulando ao longo dos anos.
“A partir de setembro, com a incerteza em relação ao orçamento, a moeda estrangeira começou a ter uma certa evolução menos favorável”, disse. “A partir de agosto, uma série de situações foi se desenvolvendo, com impacto na nossa capacidade fiscal para o ano que vem e começou a pressionar a inflação”, completou.
Em entrevista durante reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), Levy voltou a defender a aprovação da nova CPMF. “Num momento de desaceleração muito grande, as receitas caem e as despesas não. As despesas estão aumentando. As despesas da Previdência aumentaram neste ano”, afirmou.
De acordo com o ministro, no caso do governo federal, o objetivo da CPMF é criar uma ponte, nos próximos dois ou três anos, até que seja alcançado um reequilíbrio da Previdência. Sobre a possibilidade de que a alíquota inicial de 0,20% seja ampliada para permitir repasses a Estados e municípios, Levy disse que pode haver uma proposta que parta do Legislativo, desde que seja provisória, “apenas para fazer essa travessia”.
Commodities - Levy afirmou ainda que o fim do boom das commodities obrigou o governo federal a adotar uma política de maior disciplina do ponto de vista fiscal. E salientou que o Brasil enfrenta um período desafiador, situação agravada por implicações políticas e dificuldades no âmbito econômico e que exige uma série de medidas como forma de resposta e de sustentação para a retomada do crescimento econômico.
Para “permitir que o mercado funcione como tem que funcionar”, Levy defendeu o diálogo, a transparência e a definição de regras bem estabelecidas, medidas consideradas fundamentais para, ao lado do ajuste fiscal, garantir a confiança do empresariado.
“Sabemos que, em havendo condições, o mercado responderá favoravelmente. Precisamos enfrentar os gargalos, como, por exemplo, é o caso da infraestrutura. Temos que trabalhar para que os investimentos privados sejam destravados”.
O ministro relembrou o êxito do governo ao licitar projetos portuários e usinas hidrelétricas nos últimos dias e destacou a necessidade de criação de um melhor ambiente no Brasil. Para tanto, defendeu a reforma do ICMS, atualmente em discussão no Congresso, e também do PIS/Cofins. “É uma reforma que estamos enviando para o Congresso brevemente e que já está na Casa Civil”, explicou.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG