Segundo FGV, 61,5% dos consumidores preveem inflação acima de dois dígitos nos 12 meses a partir de janeiro.
A mediana da inflação esperada pelos consumidores nos próximos 12 meses ficou em 11,3% em janeiro, informou na manhã desta terça-feira, 26, a Fundação Getulio Vargas (FGV), que divulgou o Indicador de Expectativas Inflacionárias dos Consumidores. É o terceiro mês de alta do índice. Além disso, o patamar representa um novo recorde histórico na série, iniciada em setembro de 2005.
"Tal resultado reflete o IPCA de 2015, que ficou em 10,67%, o aumento dos preços administrados no início do ano, como tarifas públicas, e a contínua perda de poder de compra do trabalhador. Espera-se uma reversão das expectativas apenas no segundo semestre deste ano, quando os efeitos da crise sobre os preços se intensificarão", disse o economista Pedro Costa Ferreira, pesquisador da FGV, em nota.
Segundo a instituição, 61,5% dos consumidores preveem inflação acima de dois dígitos nos 12 meses a partir de janeiro - sendo um terço deste contingente apostando em taxas acima de 12%. Apenas 3% acreditam em uma inflação que se restrinja à meta perseguida pelo governo, cujo teto é 6,5% ao ano.
Diante dos dados, Ferreira avalia que o resultado "deve ser mais uma preocupação para o Banco Central". O especialista argumenta que, mesmo que as pessoas aceitem negociar seus salários, isso será influenciado pela expectativa de inflação futura, que está bem elevada. Isso pode resultar em reajustes significativos nas remunerações.
Por faixas de renda, as famílias com ganhos mensais de até R$ 2,1 mil são as mais pessimistas em relação à inflação. A expectativa para os preços saltou de 11,6% em dezembro para 12,2% em janeiro. No orçamento desses consumidores, o transporte público tem um peso bastante relevante, e foram justamente essas tarifas que começaram a subir nos primeiros dias de 2016.
Outro salto significativo foi observado entre consumidores com ganhos de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil mensais. Para eles, a expectativa saiu de 10,8% em dezembro para 11,8% neste mês. A piora na percepção sobre a inflação, porém, ocorreu em todas as faixas de renda, inclusive na visão de quem ganha mais.
O Indicador de Expectativas Inflacionárias dos Consumidores é obtido com base em informações captadas no âmbito da Sondagem do Consumidor da FGV, que coleta mensalmente informações de mais de 2,1 mil brasileiros em sete das principais capitais do País. Cerca de 75% destes entrevistados respondem aos quesitos relacionados às expectativas de inflação.
Veículo: Jornal DCI