O cenário recessivo que paralisou o País em 2015 atingiu não só a indústria e o comércio, mas também o setor da prestação de serviços. Empresas, famílias e governo cortaram gastos. Como consequência, o volume de serviços prestados recuou 3,6% no ano passado, o pior resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Neste ano, vamos continuar vendo uma retração da renda real disponível e, consequentemente, do consumo de serviços. Isso vai aliviar a inflação e ajudar a trazer o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para entre 7,0% e 7,5%”, previu o economista-chefe da Parallaxis Consultoria, Rafael Leão.
O mau desempenho corrobora a expectativa de que o setor tenha ajudado a aprofundar a queda no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2015. “Com exceção de março, em todos os demais meses de 2015 o indicador apresentou recuo no volume de serviços, trajetória alinhada com o enfraquecimento da demanda doméstica, influenciada pelo processo de distensão no mercado de trabalho, restrição e encarecimento da oferta de crédito e pelo patamar deprimido da confiança dos consumidores”, notaram os analistas Rafael Bacciotti e Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada.
Após a divulgação da pesquisa do IBGE, levantamento feito pela reportagem com analistas do mercado financeiro sobre o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de 2015 - que será divulgado nesta quinta-feira - confirma a percepção de que o PIB deve ter recuado em torno de 4% no ano passado.
Frete - Em meio à crise, a queda na demanda das indústrias por frete ajudou a derrubar o subsetor de transportes terrestres em 2015, que recuou 10,4% devido à menor movimentação de matérias-primas e bens industrializados. “O transporte de carga tem como seu principal demandante o setor industrial. À medida que o setor passa por esse desaquecimento, ele implica demanda menor de serviço de transporte, tanto para matéria-prima quanto para a distribuição de sua produção”, explicou o técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Roberto Saldanha.
Projetos - O segmento de serviços profissionais também foi impactado, reflexo da menor contratação por parte de empresas e do governo. Os serviços técnico-profissionais tiveram retração de 9,7% no ano, a reboque do corte de gastos com grandes projetos, obras e investimentos.
Já os serviços administrativos e complementares, que incluem limpeza e segurança, tiveram redução de 2,4% no ano, após registrarem piora ao longo dos meses. Em dezembro de 2015 ante dezembro de 2014, o recuo chegou a 7,3%.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG