O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) nas grandes empresas atingiu 38,6 pontos em fevereiro, alta de 1 ponto percentual ante janeiro. Apesar do avanço, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o clima ainda é de pessimismo.
O economista da CNI, Marcelo Azevedo, acredita que alta no ICEI das grandes indústrias pode impulsionar uma melhora do climas nas empresas de menor porte, embora não seja ainda suficiente para mudar o quadro industrial. "As grandes empresas têm uma enorme importância em cadeias produtivas e, se o aumento da confiança continuar, poderá se traduzir em elevação da demanda por matérias-primas", destacou ele, em nota.
O ICEI das empresas de médio porte ficou em 35,8 pontos em fevereiro, alta de 0,3 ponto percentual ante janeiro. Já as pequenas registraram o pior nível de confiança no mês, com 35,5 pontos, avanço de 0,4 ponto percentual contra o mês imediatamente anterior.
O nível de confiança nas grandes empresas foi o único a ficar acima dos 37,1 pontos do ICEI total da indústria no mês de fevereiro, liderando a melhora do índice na passagem de janeiro para fevereiro. O ICEI total da indústria avançou 0,6 ponto percentual neste mês, mas ficou abaixo dos 40,2 pontos registrados em fevereiro de 2015 e aquém da média de 50 pontos, ainda sinalizando pessimismo.
"Desde outubro de 2015, percebe-se uma melhora de 2,1 pontos. Está em curso uma trajetória de crescimento do índice, mas é cedo para afirmar que haverá uma reversão no quadro de confiança. O índice permanece muito baixo, 12,9 pontos abaixo da linha divisória entre confiança e falta de confiança [50 pontos]".
A avaliação dos industriais brasileiros sobre as condições atuais da economia brasileira também segue negativa. A expectativa para a economia nos próximos seis meses ficou em 31,5 pontos, muito abaixo da linha divisória dos 50 pontos.
Na análise por região, o indicador registrou os melhores níveis em fevereiro no Centro-Oeste (39,5 pontos) e Nordeste (39,3). Sul (37,2) e Norte (36,5) aparecem na sequência, enquanto a região Sudeste (34,6) ficou em último.
Entre os segmentos industriais, os empresários do ramo extrativo - cujo ICEI atingiu 41,4 pontos em fevereiro - apresentaram o melhor nível de confiança. O setor de extração de minerais metálicos (40,1) teve menor nível de pessimismo que o setor de minerais não metálicos (36,3).
Investimento
"O ICEI antecipa tendências de produção e de investimento. Empresários pessimistas com o desempenho atual e futuro das empresas e da economia reduzem produção ou suspendem os investimentos", lembrou a CNI, em nota.
O melhor desempenho da produção nas atividades extrativas no País ajuda a explicar o menor pessimismo dos empresários que atuam no setor. "A economia brasileira encolheu em 2015. A indústria extrativa, mais exportadora, pôde contar com um mercado externo, se não pujante, ao menos mais dinâmico que o doméstico", citou a CNI, em pesquisa sobre intenção de investimentos divulgada na última semana.
O menor nível de pessimismo, entretanto, pode não ser suficiente para evitar a redução dos investimentos na indústria extrativa em 2016. Segundo a CNI, há queda expressiva prevista para o setor neste ano, com 68% das empresas com intenção de realizar aportes neste ano contra 89% que investiram em 2015.
Já a indústria de transformação, que registrou um dos piores desempenhos do setor produtivo no ano passado, atingiu 37,2 pontos no índice de confiança dos empresários da CNI. A intenção de investimento nas indústrias de transformação também ficou abaixo do setor extrativo, com 64% dos empresários planejando aportes ante 73% em 2015.
Na indústria de construção, o ICEI chegou a 36,4 pontos em fevereiro, pior nível entre segmentos avaliados pela CNI.
Veículo: Jornal DCI