Pesquisa aponta falta de dinheiro para consumo
A Páscoa dos belo-horizontinos será mais “magra” em 2016, com menor consumo de produtos tradicionais como ovos e doces feitos de chocolate. A data comemorativa, vista como um sinônimo de lucro para o segmento alimentício, deverá sentir de perto os efeitos da crise econômica que impacta o País. Pesquisa sobre a intenção de consumo para o período, feita pela área de estudos econômicos da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), mostra que 48,7% dos consumidores da capital mineira não vão presentear nesta Páscoa. O principal motivo: a falta de dinheiro. Para contornar a situação e minimizar o impacto negativo nas vendas, os empresários terão de usar a criatividade faltando poucos dias para o evento.
Entre os entrevistados, 30,5% apontam a ausência de recursos financeiros como justificativa para não ir às compras nesta data. As outras razões mais citadas são a falta do hábito de presentear na Páscoa (22,5%) e o endividamento (18,2%). O economista da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida, explica que a situação de instabilidade econômica nacional influencia mais neste momento para a retração no consumo dos produtos típicos da data do que o próprio preço em si, bastante elevado em 2016.
“Essa situação tem a ver com o cenário econômico atual. Temos inflação elevada, alta taxa de desemprego e de juros, e tudo isso reflete no comportamento do consumidor, que vai procurar otimizar seu orçamento consumindo menos ou readequando o seu consumo à renda disponível”, explica o economista.
Mesmo entre os belo-horizontinos que estão dispostos a manter a tradição de troca de presentes na Páscoa, que são 50%, a postura é de cautela, voltada para o consumo consciente. Desses, 53,7% afirmam que comprarão poucos produtos de menor valor neste ano e apenas 2,2% vão adquirir muitos itens de maior valor. O restante (26,9%) diz que vai comprar poucos produtos de maior valor e 17,2%, muitos produtos de menor valor.
Em relação ao ano passado, 57,5% pretendem gastar o mesmo (33,3%) ou menos (24,2%) em compras de Páscoa e 81,7% afirmam que farão pesquisa de preço antes de efetivar a aquisição. Os supermercados/hipermercados (35,8%) e lojas do hipercentro (32,9%) devem ser os estabelecimentos mais procurados, de acordo com os entrevistados. A maior parte dos consumidores (30,1%) espera gastar de R$ 50 a
R$ 100 e 76,6% contam ainda com as promoções para tornar as compras mais atrativas.
Ao todo, 65,4% afirmam que pagarão à vista, no dinheiro ou cartão de débito.
Os chocolates industrializados em geral lideram a lista dos presentes, tendo a preferência de 57,3% dos consumidores, seguido pelos famosos ovos de Páscoa industrializados, apontados por 45,8% dos entrevistados. Os ovos artesanais (2,6%), os chocolates artesanais (1,6%) e outros presentes (2,1%) correm por fora. As principais pessoas a serem presenteadas, segundo a pesquisa, serão filhos (49,5%), namorados ou esposas e maridos (33,9%) e netos (27,1%).
Pessimismo - Os empresários do comércio alimentício sabem que estimular o consumo diante desse cenário não será nada fácil. Em outra pesquisa realizada pela Fecomércio-MG, agora com os lojistas, sobre a expectativa de vendas para a Páscoa, 45,7% acreditam que o comércio no período será pior que no ano passado. Em 2015, o clima era menos pessimista, com 32,9% dos empresários apostando que venderiam menos em relação a 2014.
A crise econômica, segundo 65,6% dos entrevistados, é o principal motivo para se crer em uma queda nas vendas neste ano. “A expectativa pela piora no comércio durante a Páscoa aumentou muito neste ano. O pessimismo de fato está generalizado entre os empresários que vendem bem nesta data”, destaca Guilherme Almeida.
O alto preço dos produtos, como é o caso dos ovos de Páscoa, também é mencionado pelos lojistas (28,1%) como um empecilho. “Dois fatores contribuíram muito para o aumento nos preços dos ovos de Páscoa: a inflação, além do efeito do dólar, que tem impactado diretamente em produtos importados e na produção nacional, que usa equipamentos e insumos muitas vezes vindos de fora”, explica o economista.
Para 59,1% dos lojistas, o tíquete médio das compras não deve ultrapassar R$ 50. Para alavancar as vendas, porém, 68,1% dos entrevistados disseram que vão adotar as promoções e liquidações como estratégia para atrair os clientes. Atendimento diferenciado (20,8%), visibilidade da loja (20,8%) e propaganda (20,8%) também estão na lista das ações.
Ao contrário do que disse a maioria dos consumidores no outro levantamento, os empresários acreditam que a forma de pagamento predominante será o cartão de crédito parcelado (61,1%).
Veículo: Diário do Comércio - MG