O último Relatório Focus, do Banco Central (BC), elaborado antes do início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff mostrou mais uma rodada de deterioração das expectativas do mercado financeiro para a atividade econômica brasileira.
As previsões das instituições privadas para o PIB [Produto Interno Bruto] em 2016 foram de uma queda de 3,77% para recuo de 3,8%. Há um mês, era -3,6%.
Também piorou a estimativa para a produção industrial, que saiu de-5,6% para recuo de 5,8%. Um mês atrás, estava em -4,5%. Para 2017, a previsão ainda continua no terreno positivo, em 0,69%, a mesma taxa apontada uma semana antes (era de 0,57% quatro semanas atrás).
Para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2016, a mediana das previsões saiu de 41,2% para 41,4% Para o BC, a relação dívida/PIB ficará em 41,6% no fim deste ano. No caso de 2017, as expectativas passaram de 46,2% para 46,35% de uma edição para a outra. Há um mês, era 45,3%.
Já em relação a Selic, a mediana das expectativas está em 13,38%, o que significa dúvidas sobre se a taxa básica de juros estará em 13,5% ou em 13,25% em dezembro. Atualmente, a taxa está em 14,25% ao ano. Para o encerramento de 2017, as estimativas para a Selic continuaram em 12,25%, mas a mediana das expectativas caiu de 12,62% para 12,38% de uma semana para a outra. Um mês atrás, era de 12,83% ao ano.
Sobre o câmbio, a cotação da moeda estará em R$ 3,80 no encerramento deste ano, e não mais em R$ 4, como estava no relatório anterior. Para o ano que vem, a mediana passou de R$ 4,10 para R$ 4 de uma divulgação para a outra.
Com a diminuição da cotação do dólar, estão menos intensas as mudanças das expectativas para o setor externo. O superávit previsto para a balança comercial passou de US$ 45 bilhões para US$ 45,51 bilhões. Para 2017, as estimativas seguiram em US$ 50 bilhões.
Para o BC, as transações correntes terão um déficit de US$ 25 bilhões este ano, menor do que o esperado antes. Para a balança comercial, a nova expectativa é de superávit de US$ 40 bilhões e, para o IDP, o BC manteve a previsão de ingresso de US$ 60 bilhões.
Inflação
O mercado acentuou a queda das previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017. Na semana passada, após dois meses de estabilidade, houve recuo de 6% para 5,95% e agora, para 5,93%. Pelos cálculos do Banco Central, a inflação do ano que vem subirá 4,9% e 5,4%, respectivamente. O teto da meta de 2017 é 6%.
Já as projeções para os preços administrados não sofreram qualquer alteração. Apesar de avançarem 18,07% em 2015, a expectativa para 2016 permaneceu em 7,2%. No caso de 2017, a mediana das expectativas continuou em 5,7%. O BC conta com forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5%.
Além disso, as projeções para os índices de preços no atacado também voltaram a recuar. O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), referência para o reajuste dos contratos de aluguel, a mediana das estimativas passou de 7,47% para 7,43%. Para o ano que vem, o indicador saiu de 5,61% para 5,59%. No caso do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), a previsão despencou de 7,4% para 7,22%, e seguiu em 5,5% para o encerramento de 2017. Já o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) para 2016 voltou a subir de 7,27% para 7,39%. Para o ano que vem, houve um pouco de alívio nas expectativas, que subirá 5,4% ante taxa anterior de 5,5%.
Veículo: Jornal DCI