Custo da cesta básica subiu em 17 capitais no mês passado, alcançando R$ 408,50 em BH. Com alta de tomate, feijão e batata, valor representa 50,4% do piso salarial pago no país
A inflação dos alimentos vem pressionando o custo de vida, principalmente das classes de renda menor. Os produtos que compõem a cesta básica já consomem metade do salário mínimo líquido do brasileiro, descontados os impostos e superam a alta do índice geral de inflação. Em maio, a cesta básica composta por alimentos como carne, leite, arroz, feijão e açúcar, encareceu 2,32% em relação a abril, atingindo o valor de R$ 408,50, em Belo Horizonte.
Para levar para casa a cesta completa, com 13 itens da alimentação básica, o trabalhador gastou exatamente 50,4% do salário mínimo líquido e precisou trabalhar 3 horas e 41 minutos a mais que em abril, quando, para comprar os mesmos itens, trabalhou 99 horas e 49 minutos. Os dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Levando-se em conta uma pequena família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, o trabalhador de Belo Horizonte gastou R$ 1.225,50 somente para cobrir a despesa mínima com alimentação. A auxiliar administrativo Mariza Gomes vem sentindo a alta dos preços e já adotou medidas para manter as despesas da família, formada por dois adultos e uma criança.. Ela calcula que há um ano a mesma lista de produtos encareceu mais de 50%. Para driblar os preços, a dona de casa está fazendo substituições, como a troca da carne vermelha pela branca.
No acumulado do ano, o conjunto dos 13 produtos da cesta – carne, leite, feijão, arroz, farinha de trigo, batata, tomate, pão francês, café, banana, açúcar, óleo e manteiga –, encareceu 10,26% em BH, quase o dobro da inflação medida pela Fundação Ipead, vinculada à UFMG, de 5,6%. Em 12 meses, a cesta básica acumula alta de 14,7%, ante o IPCA de 11,6% no mesmo período.
Um dos vilões da cesta em toda a região Centro-Sul foi o feijão. De janeiro a maio, o alimento ficou 32,4% mais caro. Em maio, para comprar 4,5 quilos do produto que está no prato todos os dias, o belorizontino desembolsou R$ 30,30, 13% mais que em abril. O tomate também foi grande vilão no mês passado. Para comprar nove quilos do alimento o consumidor gastou R$ 36,99, R$ 6 a mais que em abril.
A pressão que as famílias sentem no bolso também foi captada pela pesquisa do Dieese. Nos primeiros cinco meses do ano, o leite ficou 16% mais caro; o óleo, 13%; o açúcar, 12%; a batata, 50% e a banana 19%. A aposentada Aparecida Carvalho, 72 anos, pesquisa em pelo menos quatro supermercados antes de fazer suas compras e vai várias vezes às compras, em busca dos melhores preços. Mesmo assim, para fazer frente a inflação que consome a aposentadoria, além da pesquisa diária, ela cortou na quantidade. Por mês, a aposentada chegava a comprar três pacotes de feijão. “Agora estou comprando só dois, de modo geral tudo está muito caro.”
A enfermeira Darlene Ortência de Oliveira, 34 anos, tem deixado a comodidade de fazer compras perto de casa, para andar um pouco mais até um supermercado onde encontra itens mais baratos. Tudo isso depois que, para colocar os mesmos produtos no carrinho do supermercado, ela passou a gastar R$ 400. “São pelo menso R$ 100 a mais do que eu gastava há um ano.” Além da pesquisa, Darlene Ortência trocou marcas, eliminou produtos supérfluos e antes de escolher as frutas, considera os preços.
Pressão geral Fernando Ferreira Duarte, supervisor técnico do Dieese em Minas, explica que a trajetória de alta dos alimentos têm pressionado a cesta básica e o custo de vida do país. “O maior peso é sentido pela população de baixa renda.” Segundo o Dieese, para atender as necessidades básicas do trabalhador, conforme as determinações da lei, o salário mínimo brasileiro teria que ser de R$ 3.777,93.
Em maio, houve elevação do custo do conjunto de alimentos básicos em 17 das 27 capitais brasileiras, de acordo com a pesquisa do Dieese. As maiores altas ocorreram em Porto Alegre (3,87%), Curitiba (3,46%) e Brasília (3,25%) e as quedas mais expressivas foram verificadas em Florianópolis (-4,09%), Fortaleza (-2,60%) e Rio Branco (-2,49%).
Veículo: Estado de Minas