Preços administrados dão fôlego à inflação

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Puxado pelos aumentos das tarifas de água e energia, IPCA de maio chega a 0,78%, a maior elevação desde 2008. Em 12 meses alta é de 9,32%





São Paulo e Rio de Janeiro – A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou maio com alta de 0,78%, ante uma variação de 0,61% em abril, informou ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço registrado representou a maior elevação do indicador para o mês desde 2008. Naquele ano, o IPCA de maio apresentou alta de 0,79%. Em Belo Horizonte os preços também registraram variação de 0,78% no mês passado, segundo o IBGE. De janeiro a maio, a inflação acumula alta de 4,05% no país e de 4,32% na capital mineira.


Outra marca negativa do resultado divulgado pelo IBGE foi o resultado no acumulado de 12 meses. Com a alta do mês passado, o índice acumulado alcançou 9,32%, acima do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%, e do patamar de 9,28% registrado nos 12 meses encerrados em abril. Em Belo Horizonte, a inflação acumulada em 12 meses está abaixo da média nacional, a 8,31%.


O IPCA acumulado em 12 meses, quando comparado ao período imediatamente anterior, não apresentava elevação desde janeiro passado. No primeiro mês do ano, o indicador alcançou 10,71%, ante 10,67% de dezembro do ano passado. Desde então, o IPCA acumulado apresentava tendência de queda: 10,36% em fevereiro, 9,39% em março e 9,28% em abril. O resultado de maio ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas, que iam de uma taxa de 0,69% a 0,83%, com mediana e média de 0,76%. Como o número, a taxa acumulada no ano foi de 4,05%.


Os preços administrados de água e esgoto e energia elétrica foram os vilões da inflação no mês passado e fizeram do grupo Habitação o principal responsável para a alta de 0,78% no IPCA de maio, informou o IBGE. O grupo avançou 1,79% em maio e teve impacto positivo de 0,27 ponto porcentual (p.p.) no índice geral, o maior entre os grupos de despesa. A taxa de água e esgoto avançou 10,37% e, sozinha, contribuiu com 0,15 p.p. no índice de maio. Segundo o IBGE, isso ocorreu por causa da região metropolitana de São Paulo, já que acabou, no mês passado, o programa de incentivo da Sabesp à redução do consumo de água, o qual dava desconto para quem economizasse água.


Já a energia elétrica subiu 2,28% em maio, pois houve reajustes contratuais anuais nas distribuidoras de Salvador, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. “Os administrados foram as estrelas da inflação em maio”, afirmou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, em entrevista coletiva concedida no Rio. O grupo Alimentação e Bebidas teve o segundo maior impacto no IPCA de maio, com 0,20 p.p., provocado pela alta de 0,78% do grupo no mês.


Eulina Nunes minimizou o fim de uma breve série de queda da inflação no acumulado em 12 meses. Ela destacou que a taxa de 9,32% verificada nos 12 meses até maio ficou próxima à alta de 9,28% nos 12 meses até abril. “Apesar de ter acelerado de um mês para o outro, quando se considera os últimos 12 meses, a taxa ficou muito próxima do mês de abril. Isso porque o resultado de maio do ano passado ficou muito perto do maio deste ano", disse Eulina. Em maio de 2015, o IPCA registrou alta de 0,74%.

Alimentos O preço dos alimentos continuaram subindo no IPCA de maio, mas “deram uma travada” em relação aos meses anteriores, afirmou Eulina Nunes. O grupo Alimentação e Bebida avançou 0,78% no IPCA de maio, a menor variação mensal desde novembro do ano passado. De novembro a abril, a variação mensal dos preços dos alimentos ficou acima de 1%. Em outubro, havia sido de 0,77%. Ainda assim, o grupo Alimentação e Bebidas acumula alta de 12,74% nos 12 meses encerrados em maio, acima da média do IPCA, de 9,32%.


Em maio, batata, cebola e feijão foram os vilões dos consumidores, de acordo com o IBGE. Segundo Eulina, mais recentemente, geadas prejudicaram a produção de batata e feijão. A batata-inglesa subiu 19,12% em maio e acumula alta de 74,47% em 12 meses. O feijão-mulatinho avançou 9,85% em maio, acumulando 48,79% em 12 meses. “A Alimentação vem pressionando o IPCA nos últimos anos”, disse Eulina, citando fatores climáticos e a alta demanda dos países emergentes, que jogam para cima as cotações das commodities agrícolas, para explicar o fenômeno.


Desde 2007, segundo o IBGE, a variação do grupo Alimentação e Bebidas tem ficado acima do IPCA médio. Neste ano até maio, a alta dos alimentos é de 6,61%, contra 4,05% do IPCA cheio. No acumulado de 2007 a maio de 2016, os alimentos acumulam alta de 131,08% ante 78,78% no IPCA médio.




veículo: Estado de Minas


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