Taxa de junho veio abaixo da expectativa, e menor difusão mostra que altas devem arrefecer

 Com resultado abaixo do esperado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,40% em junho — frente a 0,86% em maio e 0,99% no mesmo mês de 2015, segundo o IBGE — e mostrou sinais de desaceleração. Economistas apontam também a redução da parcela dos itens em alta, o chamado índice de difusão, como outro indicador de uma desaceleração que deve se intensificar nos próximos meses.
 
Pelo IPCA-15 de junho, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 8,98% — abaixo dos 9,62% até maio e a primeira vez desde junho de 2015 abaixo dos 9%. A previsão do mercado é que a inflação medida pelo IPCA encerre o ano em 7,25%.
 
— O cenário da inflação era mais preocupante no início do ano. Agora, a inflação está claramente concentrada em alguns itens, e a recessão vai ajudar a reduzir o impacto desses choques — diz o economistachefe do banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal.
 
O desempenho em junho foi influenciado por alta menor dos preços de alimentos e por deflação em transportes. A estimativa do mercado era que o IPCA-15 de junho ficasse em 0,51%, segundo a Bloomberg. O IPCA-15 em junho foi o menor para o mês desde 2013, quando ficou em 0,38%.
 
Segundo Luis Otavio de Souza Leal, apenas sete itens responderam por mais da metade da alta do IPCA-15 em junho: taxa de água e esgoto, energia elétrica, TV, som e informática, fumo, medicamentos, empregado doméstico e plano de saúde.
 
— Ainda há questões que podem pressionar a inflação, como alguma indexação em preços monitorados e alimentos, mas a tendência é de desaceleração da inflação nos próximos meses. O resultado acumulado em 12 meses deve seguir desacelerando — aponta Leonardo França Costa, da Rosenberg & Associados.
 
ALIMENTOS SOBEM MENOS Uma das principais pressões na inflação, os alimentos ajudaram na desaceleração do mês, já que a alta nesses preços passou de 1,03% em maio para 0,35% em junho, pelo IPCA-15.
 
Os transportes também favoreceram uma alta menor em junho. Pelo segundo mês seguido, o grupo registrou deflação: o recuo foi de 0,69%, mais intenso do que o 0,30% de maio. De acordo com o IBGE, a queda se deve principalmente ao etanol, que ficou 6,6% mais barato, influenciando tanto a gasolina, que caiu 1,19%, quanto as passagens aéreas, com recuo de 4,11%.(Lucianne Carneiro)
 
Veículo: Jornal o Globo