Os indicadores de junho da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) retratam a alta constante da maioria das taxas de juros
Os indicadores de junho da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) retratam a alta constante da maioria das taxas de juros, em contraste com o fato de que a taxa básica (Selic) está estável desde julho de 2015.
Num conjunto de seis modalidades de crédito destinado às pessoas físicas, as taxas médias atingiram 8,6 % em junho e 153,5% ao ano, influenciadas pelo elevadíssimo custo médio de 447,44% ao ano (15,22% ao mês) do cartão de crédito e de 286,27% ao ano (11,92% ao mês) do cheque especial. Em relação a maio, as únicas quedas foram registradas nos financiamentos a veículos.
Para as pessoas jurídicas, a taxa média ficou praticamente estável (4,62% ao mês em maio e 4,63% em junho), ou 72,14% ao ano, cabendo notar que a demanda de crédito das empresas tem caído mais do que a das famílias. As taxas mais altas são das contas garantidas, espécie de cheque especial das companhias com custo de 8,05% ao mês ou 153,22% ao ano, em junho.
Operando em escala menor, os bancos sujeitam-se a ter menos rentabilidade, mas buscam compensar com a elevação de tarifas o resultado que não obtêm nas operações creditícias. É o que mostram os levantamentos do Banco Central relativos a bancos privados e a bancos públicos.
Patamares estratosféricos de juros não convêm nem a tomadores nem ao governo. Os ganhos com o aperto monetário obtidos no combate à inflação podem ser consumidos com a perda de dinamismo da economia que desgasta a arrecadação tributária, enquanto crescem as demandas sobre o governo para “salvar” empresas ou adiar o vencimento de dívidas de companhias que prestam serviços públicos, como nas telecomunicações e nos aeroportos.
Nos empréstimos livres, as taxas médias mais baixas são pagas pelas empresas que tomam capital de giro – e foram de 2,7% ao mês ou 37,67% ao ano em junho, segundo a Anefac. Comparados aos de uma inflação de 8,84% em 12 meses, são juros que atividades normais não podem suportar.
Cabe notar que as operações de crédito vêm declinando, em termos reais, seja porque os bancos estão cada vez mais seletivos, seja porque as famílias e empresas relutam em se endividar. Há, assim, uma situação contrastante no fato de que as taxas continuam aumentando, inibindo a demanda de financiamentos por pessoas físicas e jurídicas.
Veículo: Portal Estadão