Industrializados e commodities caem e exportações para os EUA diminuem

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Vendas brasileiras para norte-americanos recuaram em valor e em volume no primeiro semestre, mas aproximação entre os governos dos dois países pode incrementar essas trocas comerciais


 
São Paulo - A receita das vendas brasileiras para os Estados Unidos diminuiu 11% neste ano até junho, para US$ 10,671 bilhões. Foram registradas quedas nos embarques de industrializados (-6%) e de commodities (-35%) na comparação com o primeiro semestre de 2015.
 
Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços mostram que US$ 8,440 bilhões foram recebidos pela exportação de mercadorias industrializadas, enquanto os produtos básicos geraram US$ 1,354 bilhão para o Brasil entre janeiro e junho de 2016.
 
"Estamos atravessando um ano de preços baixos para commodities", justificou Deborah Vieitas, CEO da Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham). "Além disso, o real teve valorização nos últimos meses, o que também acaba afetando as exportações", completou a executiva.
 
Já André Leone Mitidieri, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), ressaltou os efeitos da recessão econômica brasileira para as trocas entre os países. Segundo ele, o arrefecimento da atividade interna prejudica o comércio com os Estados Unidos, baseado em um "fluxo bilateral de produtos".
 
"Grande parte do que importamos dos americanos é usada para produzir mercadorias que são exportadas para os Estados Unidos no futuro. Exemplo disso é a compra de peças de aviões, que é seguida pela venda de aviões inteiros para lá. Como nossa economia está ruim, temos menos capacidade para importar e, consequentemente, exportamos menos também", explicou.
 
As compras brasileiras dos EUA caíram mais que as exportações no primeiro semestre deste ano. Entre janeiro e junho, foram gastos US$ 11,183 bilhões em produtos norte-americanos, recuo de 22% frente ao primeiro semestre de 2015.
 
Também foram vistas diminuições para os dois tipos de produtos. A importação de industrializados teve baixa de 22%, para US$ 10,684 bilhões, e os dispêndios com produtos básicos recuaram 19%, para US$ 499 milhões.
 
No primeiro semestre deste ano, os Estados Unidos figuraram na segunda posição entre os maiores compradores de produtos brasileiros e entre os principais vendedores dos produtos para o Brasil. Nos dois rankings a China aparece em primeiro lugar.
 
Principais mercadorias
 
A lista de produtos brasileiros mais comprados pelos norte-americanos tem aviões (US$ 969 milhões), partes de turborreatores (US$ 908 milhões) e petróleo (US$ 452 milhões). A receita proveniente da venda de turborreatores avançou neste ano, mas o rendimento de aviões e petróleo caiu.
 
O volume dos embarques também recuou em 2016. Entre janeiro e junho, foram exportados 12,535 bilhões de quilos em mercadorias, ante 13,545 bilhões de quilos em igual período do ano passado.
 
Entre as mercadorias mais importadas, aparecem partes de turborreatores (US$ 860 milhões), óleo diesel (US$ 757 milhões) e propano liquefeito (US$ 251 milhões). Os gastos com o primeiro e o terceiro itens aumentaram, enquanto que os dispêndios com óleo diesel caíram.
 
Por outro lado, o peso das compras avançaram neste ano, chegando a 13,185 bilhões de quilos. No primeiro semestre de 2015, o volume importado foi de 12,615 bilhões de quilos.
 
Segundo a CEO da Amcham, as trocas entre os países devem ganhar força no médio prazo. "As perspectivas são muito positivas", afirmou Deborah, após destacar uma "melhora na convergência regulatória" e a aproximação entre os governos brasileiro e norte-americano.
 
Novas regras
 
No final do mês passado, as empresas Intertek e TUV Rheinland ampliaram o escopo de certificação dos seus laboratórios no Brasil e passaram a avaliar os produtos que serão exportados para os EUA. Na prática, a mudança deve diminuir o prazo e o custo para obtenção de certificados pelos exportadores brasileiros.
 
O tempo de tramitação deve recuar de 12 meses para 90 dias e os gastos dos exportadores devem ser cortados em 70%, de acordo com estimativa do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
 
"A constatação principal que vem com a aprovação dessa medida é que o diálogo entre os governos dos dois países está trazendo resultados. Estão sendo tratadas mudanças simples e práticas que podem trazer impacto positivo no curto prazo", analisou Deborah.
 
Ela destacou também um projeto piloto para a obtenção de aprovações sanitárias por via eletrônica e a aproximação entre instituições do setor têxtil dos dois países, que deve incentivar as trocas entre ambos.
 
Eleições e TPP
 
Deborah também falou sobre as eleições nos Estados Unidos e o futuro da Parceria Transpacífica (TPP). Ainda que os dois candidatos à presidência refutem o acordo, a entrevistada lembrou que o TPP foi desenhado pelo partido democrata e que os republicanos "sempre foram favoráveis ao livre comércio". "Ainda é cedo para termos clareza sobre o posicionamento de Hillary [Clinton] e [Donald] Trump", apontou ela.
 
Veículo: DCI

 


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