O Brasil deve ter dificuldade para manter negócios no mercado externo de carne bovina, após novas denúncias de irregularidades na fiscalização sanitária no País, avaliaram analistas ouvidos pelo DCI.
Para o diretor técnico da Informa Economics IEG|FNP, José Vicente Ferraz, os acontecimentos recentes são contrárias "às condições de manutenção, ampliação e abertura de novos mercados para o produto brasileiro".
No entanto, na visão dele, ainda é díficil medir quanto as exportações serão prejudicadas. "Tudo vai depender do quanto esses mercados precisam da nossa proteína".
Já o proprietário da Scot Consultoria, Alcides Torres, acredita que o setor enfrenta uma crise de confiança, depois de ações como a Operação Carne Fraca, denúncias de irregularidades e propina. "Isso escancara um quadro generalizado de corrupção no sistema de inspeção e deve ter um impacto nas exportações", diz.
Segundo informações da imprensa nacional, Wesley Batista, dono na JBS, disse em delação no âmbito da Lava Jato que a empresa - a maior processadora de proteína animal do mundo - pagava um "mensalinho" a fiscais agropecuários. A intenção era "flexibilizar" normas sanitárias.
A notícia foi divulgada no momento em que o Brasil começa a negociar a reabertuta do mercado dos Estados Unidos para a carne bovina in natura. As importações foram suspensas em junho devido a abcessos detectados nos cortes de dianteiro, onde é aplicada a vacina contra a febre aftosa.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, deve encontrar o representante do governo norte-americano para tratar do assunto na segunda-feira (17). "Esse caso deve dar mais subsídio a quem pretende barrar o produto brasileiro", observa Ferraz.
Agora, o Ministério da Agricultura aguarda uma lista com os nomes dos fiscais envolvidos na denúncia mais recente.
Generalização
Conforme o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa), Marcos Lessa, a denúncia não é suficiente para colocar em xeque o serviço de inspeção sanitária brasileiro. "É fato que existem falhas e que o sistema precisa ser modernizado, mas o como um todo ele é muito bom", afirmou. "Desvios de conduta acontecem em todos os setores, se esses atos forem comprovados os fiscais devem ser punidos", argumentou.
O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, disse, em nota, que as empresas não podem ser medidas pela régua da JBS. "Se há outros frigoríficos que agiram da mesma forma, o Ministério deve citá-los de forma explícita", defendeu.
Fonte: DCI São Paulo