O consumo doméstico, sustentado pela continuidade do aumento de renda dos brasileiros mesmo em meio à crise financeira internacional, impulsionou as vendas do varejo em fevereiro. Os comerciantes viram as vendas crescerem 1,5% em relação a janeiro e 3,8% na comparação com fevereiro de 2008. Considerando os segmentos de veículos e motos, partes e peças e de material de construção, as vendas subiram 2,5% na comparação com janeiro e 1,6% em relação a fevereiro do ano passado.
"Ainda há restrição de crédito, a crise está instalada no Brasil e há incertezas, mas não existe um problema grave de desemprego, a massa salarial continua em alta e a inflação controlada garante um aumento na renda real. Tudo isso está ajudando o mercado interno e o varejo", explica o técnico da coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Reinaldo Pereira. De acordo com Pereira, a massa salarial teve aumento de 6,2% em fevereiro ante igual mês do ano passado.
O segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso (cerca de 30%) na pesquisa de comércio varejista do IBGE, registrou aumento de 5,6% nas vendas em fevereiro em relação a igual mês do ano anterior, respondendo por mais de 70%, ou 2,8 ponto percentual, da expansão das vendas totais do varejo no período (3,8%). Em relação a janeiro de 2009, as vendas do segmento cresceram 2,9%. Pereira disse que as vendas dos supermercados continuam sendo beneficiadas pelo aumento da massa salarial e, ainda, pela queda nos preços de alguns produtos alimentícios.
Entre as oito atividades investigadas na pesquisa, houve queda nas vendas em fevereiro, ante mês anterior, em tecidos, vestuário e calçados (-1,1%), móveis e eletrodomésticos (-1,2%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-9,1%). Nesta mesma comparação, houve expansão em combustíveis e lubrificantes (2,7%), artigos farmacêuticos (1,9%), equipamentos de escritório e informática (4%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,3%, inclui lojas de departamento).
Na comparação com fevereiro do ano passado, os destaques de crescimento nas vendas ficaram com artigos farmacêuticos (12,0%), equipamentos de escritório e informática (11,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,5%).
Os dados do comércio varejista ampliado, que incluem os segmentos de veículos e motos, partes e peças e de material de construção, mostraram crescimento nas vendas de 2,5% em fevereiro na comparação com janeiro, superior ao resultado do comércio varejista.
Em fevereiro, em comparação com janeiro, os dados refletem o bom desempenho de veículos e motos, partes e peças (4,6%) e de material de construção (3,8%). Porém, na comparação com fevereiro do ano passado, o comércio varejista ampliado mostrou aumento de 1,6% nas vendas, inferior ao desempenho do comércio varejista (3,8%). Nesta comparação, houve alta de apenas 0,1% nas vendas de veículos e motos, enquanto a atividade de material de construção registrou queda de 12,8%.
O economista do Banco Sicredi Luiz Gustavo Furlani disse que a pesquisa foi recebida com otimismo pela instituição, que projetava uma taxa de crescimento bem menor na comparação com janeiro que a divulgada. Ele destacou que o desempenho do segmento de Supermercados e Produtos Alimentícios foi a grande surpresa positiva da pesquisa e concordou que tal comportamento foi motivado pela continuidade do aumento da renda da população do País.
"Nós trabalhávamos com previsões de 5% para a comparação com fevereiro do ano passado, mas esperávamos uma alta de 0,5% para o resultado na margem", destacou. Para ele, depois de o comércio também sofrer impacto do período de crise financeira global, o setor já estaria dando mostras de recuperação. O economista salientou, porém, que a expectativa do Sicredi para o crescimento das vendas este ano refletirá uma desaceleração ante o expressivo resultado de 2008, que contou com incremento de 9,1%. "Esperamos uma expansão de 3,1% para o volume de vendas no acumulado deste ano", adiantou.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ