"Em épocas de crise é comum a redução de gastos com supérfluos, mas agora os consumidores estão diminuindo até a alimentação fora do lar", diz Artur Oliveira, presidente da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert). "Os restaurantes estão sentindo a queda na demanda, por isso tentam não aumentar os preços."
O problema é que o trabalhador brasileiro está gastando mais para comer fora de casa. Segundo levantamento da Assert, gasta-se, em média, R$ 16,26 para arcar com a alimentação. A pesquisa, realizada pela Ipsos entre janeiro e fevereiro de 2009, com 2,2 mil estabelecimentos conveniados ao sistema de vales- benefícios, leva em consideração hábitos tradicionais de alimentação do brasileiro, com salada, prato principal, bebida não alcoólica, sobremesa e cafezinho.
Segundo Oliveira, como não há amostra anterior neste período do ano, não é possível criar dados comparativos, porém, ele afirma que o trabalhador está pagando mais caro pela alimentação. "Se considerarmos os dados de inflação (IPCA) no grupo de alimentação fora do lar, vemos um aumento de 11,99% no ano passado", afirma. "Só o item refeição (que compõem o indicador) acumulou uma alta de 14,45%".
De acordo com Oliveira, essa situação é reflexo de uma série de fatores que abateram o setor de alimentação no ano passado, especialmente, a inflação nos preços do arroz e feijão - um dos principais grupos alimentares do brasileiro - e também as mudanças no câmbio. Atualmente, porém, o executivo afirma que o mercado nacional vive em ritmo de deflação de preços, especialmente porque o consumidor está contendo gastos.
A "Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra no Varejo", realizada pelo PROVAR (Programa de Administração do Varejo) e FIA (Fundação Instituto de Administração) mostra que o consumidor está cauteloso também quanto às compras de bens-duráveis. O estudo revela que 27,6% dos entrevistados dizem que não pretendem adquirir itens dos segmentos pesquisados de abril até junho deste ano. O percentual é melhor do que no primeiro trimestre do ano, quando 33,4% dos entrevistados diziam que não fariam compras.
Refeição coletiva
As empresas que atuam no mercado de refeições coletivas também sofrem com a desaceleração da demanda. Para escapar a crise, a estratégia da Gran Sapore é ganhar espaço com os clientes que já fazem parte de seu portfólio. "Temos crescido com os clientes que já temos, buscando alternativas inteligentes", afirma Daniel Mendez, fundador da Gran Sapore.
As "alternativas inteligentes" encontradas por Mendez dizem respeito a uma única estratégia: praças de alimentação. Neste conceito, além do tradicional self-service, o restaurante instalado na empresa oferece mais seis opções de refeições, os chamados combos. "Cerca de 70% das propostas recentes que fechamos foram com este conceito de praça de alimentação", diz.
Veículo: Gazeta Mercantil