A Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada pelo governo Lula, completa um ano no próximo mês. Pelo menos, em um de seus eixos de atuação - financiamentos para investimentos e exportações - já é possível mostrar um saldo positivo. Os desembolsos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), juntas todas as linhas do Banco para investimento das empresas, atingiram o recorde de R$ 92,2 bilhões em 2008 - um aumento de 42% em relação a 2007.
Em recursos para exportações, o BNDES totalizou empréstimos de R$ 6,5 bilhões em 2008, resultado 56% superior ao observado no ano anterior, quando as liberações totalizaram R$ 4,17 bilhões. Segundo o boletim "Destaques ações e programas do governo federal, março/2009", o desembolso para linhas do Finame - destinada para aquisição de máquinas e equipamentos novos aumentaram de R$ 17 bilhões, em 2007, para R$ 22,1 bilhões, em 2008.
No caso da linha BNDES Automático, que apoia projetos de investimento de até R$ 10 milhões, os financiamentos passaram de R$ 5 bilhões para R$ 5,5 bilhões e do Finem, para expansão da capacidade produtiva e modernização de empresas, os aportes cresceram de R$ 27 bilhões para R$ 34,6 bilhões. Os empréstimos para micro e pequena empresas tiveram crescimento recorde no valor de operações, R$ 845,7 milhões. (ver mais na página B1)
"Alguns resultados do PDP já foram sentidos, em relação aos investimentos, mas são considerados incipientes quando comparados aos objetivos de desenvolvimento econômico", disse Álvaro Alves de Moura Júnior, professor de Organização Industrial e de Microeconomia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. "De acordo com o IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo em relação ao PIB (FBCF/PIB) deverá ser, para o ano de 2008, de 18,6%, enquanto que em 2003 a mesma proporção foi de 15,3%", afirmou.
Moura Júnior diz que apesar dos resultado, o Brasil ainda amarga uma das menores taxas de investimento, principalmente quando comparadas às taxas das maiores economias do mundo. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa média de investimento (FBCF/PIB) dos seus países membros foi de 21% em 2006, enquanto que na China tal medida foi de 41,5% em 2005.
Entre os destaques na atuação do BNDES, está também a PEC, destinada para financiamento de capital de giro, que somou 80 operações desde sua criação, em dezembro do ano passado, no valor de R$ 1 bilhão. Esta linha foi ampliada de 13 para 24 meses, em fevereiro e vai valer até o final deste ano. No caso da linha Modermaq, os desembolsos em 2008 chegaram a R$ 2,6 bilhões (igual a 2007). Os créditos direcionados para a cadeia produtiva farmacêutica - Profarma -, totalizaram R$ 118 milhões que, em conjunto com a contrapartida das empresas, somam R$ 237 milhões em investimentos em 2008, crescimento de 7% em comparação ao ano anterior.
Os empréstimos para exportadores via Proex foram distribuídos da seguinte maneira: Proex-Financiamento, direcionado aos compradores de exportações brasileiras, executou R$ 1,3 bilhão e o Proex-Equalização, que cobre, a fundo perdido, a diferença entre os juros obtidos pelos exportadores no mercado interno e as taxas internacionais, recebeu R$ 306,3 milhões.
"Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), coube ao BNDES contribuir para o bom desempenho das modalidades de crédito voltadas para a atividade industrial. O governo parece ter atendido com os objetivos do setor, exceto pelo custo dos recursos, dado as elevadas taxas de juros que contribuíram para a elevação do custo de capital", afirmou.
Para Moura Júnior, o PDP tem papel importante para o desenvolvimento industrial. "O pacote lançado em 2008 (PDP) tem trabalhado com uma estimativa inicial de renúncia fiscal de R$ 21,4 bilhões, entre os anos de 2008/2010. Ao mesmo tempo em que o BNDES, que acelerar os financiamento para atingir a previsão de disponibilizar R$ 210 bilhões no mesmo período", disse.
Veículo: DCI