Os agentes de mercado consultados pelo Banco Central acentuaram o pessimismo quanto ao comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 pela sexta semana consecutiva. A nova projeção indica retração de 0,3% do PIB, frente estimativa anterior de que a queda seria de 0,19%. No começo do ano, vigorava previsão de crescimento do PIB em 2% para este ano. O governo insiste que o Brasil não vai enfrentar recessão e mantém estimativas oficiais de que o crescimento será de 1,2%, no caso da projeção feita pelo Banco Central e de 2%, segundo estimativa do Ministério do Planejamento.
Ao mesmo tempo em que pioram as projeções relativas ao PIB, o pessimismo atinge também as expectativas quanto ao comportamento da produção industrial, o qual deve apresentar retração de 3,56% no ano, aponta a nova pesquisa. Uma semana antes, havia estimativa por queda de 3,06% na produção industrial de 2009. No começo do ano, o mercado acreditava em alta de 2,5% desse indicador, ou seja, uma aposta de que o desempenho da indústria seria até melhor que o do PIB geral.
Em contrapartida, há novas e mais otimistas projeções relativas a inflação, déficit em conta corrente e saldo da balança comercial. A mais recente estimativa para o resultado em conta corrente aponta para déficit de US$ 21,1 bilhões em 2009, frente projeção anterior de que o saldo seria negativo em US$ 22,6 bilhões. Para a balança comercial, a nova estimativa é que haverá superávit de US$ 15 bilhões este ano. Uma semana antes, os agentes de mercado consultados pelo BC apontavam para um saldo comercial positivo de US$ 14,5 bilhões.
Quanto à inflação, houve retração das expectativas quanto a altas dos quatro índices considerados. Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), há projeção de alta de 4,25%; frente 4,26% na semana passada. Para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), a nova projeção é por oscilação de 2,41% no ano, frente estimativa anterior de que a alta seria de 3,03%. É uma queda de 0,62 ponto percentual em apenas sete dias, com destaque a fato de que há oito semanas o mercado reduz gradativamente suas apostas quanto ao comportamento do IGP-DI. Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a nova projeção é por alta de 2,22% em 2009; contra estimativa de elevação de 2,71%, na semana passada. E para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), a nova estimativa é por oscilação de 4,36% este ano, frente projeção por alta de 4,37%, na semana anterior. Foi mantida em 4,5% a expectativa de alta dos preços administrados em 2009.
O mercado manteve pela terceira semana a projeção de que a taxa Selic no final de 2009 estará no patamar de 9,25% ao ano. Atualmente a Selic é de 11,25% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, na qual pode haver mudança na Selic, ocorre nos dias 28 e 29 de abril. O boletim divulgado ontem revela ainda que pela 13 semana os agentes de mercado sustentam a previsão de que o dólar chegará ao final do ano cotado a R$ 2,30. Ou seja, há apostas pela estabilidade cambial, só que neste novo patamar. As projeções presentes no boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central consideram expectativas de cerca de cem agentes de mercado consultados até a última sexta-feira, nove de abril.
Veículo: Gazeta Mercantil