O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai apresentar uma queda de 0,49% em 2009. Essa é a mais recente estimativa feita pelos cerca de cem agentes de mercado consultados semanalmente pelo Banco Central para a elaboração do boletim de expectativas Focus e reflete sete semanas consecutivas de aumento do pessimismo. No boletim divulgado uma semana antes, vigorava estimativa de que o PIB cairia 0,3% este ano. Ou seja, as projeções recentes apontam para um cenário inverso ao que era considerado em janeiro, quando o mercado chegou a apostar em crescimento do PIB em 2% este ano.
A estimativa oficial do governo, presente na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mantém o otimismo e aponta para um crescimento de 2% no PIB em 2009. Em contrapartida à deterioração das expectativas em relação ao PIB, o mercado está mais otimista quanto ao desempenho da balança comercial e do resultado em conta corrente para este ano, em melhora de expectativas na ordem de US$ 1 bilhão para esses dois indicadores.
Desde o início do ano houve uma deterioração das expectativas em relação ao comportamento do PIB, mas o pior foi registrado nas últimas três semanas, quando as projeções de mercado invadiram o terreno do crescimento negativo. Todos os três boletins divulgados em abril apontam para retração do PIB em 2009. Pior ainda têm sido as projeções relativas à produção industrial, com nove semanas sucessivas de queda, sendo que nas últimas sete semanas as projeções envolvem índices negativos, ou seja, encolhimento da indústria em 2009. Para esse indicador, a nova estimativa aponta para uma retração de 3,75% este ano, a pior previsão feita desde o início do ano. A projeção presente no boletim Focus anterior indicava queda de 3,56% no PIB da indústria, ou seja, houve uma piora de 0,19 ponto percentual em apenas uma semana.
Conta corrente
Para o resultado em conta corrente no final do ano, a nova estimativa de mercado indica déficit de US$ 20 bilhões no final do ano, frente projeção por saldo negativo de US$ 21,1 bilhões da semana anterior. Em relação ao resultado em conta corrente, é a quarta semana sucessiva de melhora das expectativas. No início do ano, no entanto, o mercado previa déficit em conta corrente de US$ 25 bilhões. Paralelamente, houve aumento da estimativa do superávit comercial para US$ 16 bilhões, frente US$ 15 bilhões na semana anterior. O ritmo de melhora das expectativas quanto ao resultado comercial mantém-se por cinco semanas seguidas.
A pior projeção quanto ao resultado comercial foi registrado em março, quando o mercado chegou a estimar superávit de apenas US$ 13 bilhões no ano. De qualquer forma, há uma inevitável queda em relação ao ano passado, quando o saldo da balança comercial foi positivo em quase US$ 25 bilhões.
Inflação em baixa
Os agentes de mercado reduziram suas projeções quanto aos índices de inflação. Para o Índice de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA), a nova estimativa é por alta de 4,23%, frente 4,25%, na semana anterior. Para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), a nova projeção indica elevação de apenas 2,09% este ano, contra estimativa anterior de 2,41%. Em relação ao Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a nova estimativa indica oscilação de 2,02% em 2009, frente previsão anterior de 2,22%. E para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), há expectativa por variação de 4,35%, frente aposta por 4,36% feita na semana anterior. O mercado mantém, há quatro semanas, projeção de que a taxa Selic será de 9,25% ao ano no final de período. Atualmente, a Selic é de 11,25% ao ano. A nova estimativa para o câmbio indica taxa de R$ 2,25 por dólar no final de 2009. Uma semana antes, o mercado apostava em cotação de US$ 2,30 em dezembro.
Veículo: Gazeta Mercantil