São Paulo - Dada a importância das vendas durante a Black Friday para o varejo, os lojistas têm se munido para enfrentar a concorrência. Nas lojas físicas e virtuais, a estratégia é garantir que o cliente compre e retire da forma que preferir, abocanhando uma fatia dos mais de R$ 2 bilhões que o próximo 24 de novembro deverá movimentar só no e-commerce.
"O consumidor está se sentindo mais confiante em relação à data e passou a se organizar melhor para a procura dessas ofertas. Acreditamos que esse movimento de crescimento seguirá forte este ano, com muitas pessoas obtendo descontos grandes e antecipando as compras do Natal", diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Rodrigo Bandeira.
Para garantir que esse consumidor mais "disposto" compre em seu site, a gigante Netshoes traçou planos que começaram a ser executados no início do ano. "Começamos a preparação ainda no primeiro trimestre do ano, principalmente com relação ao volume de compras e no movimento de ações de marketing. Neste ano, estamos na quarta edição da Black November, que é a nossa aposta para antecipar cada vez mais a Black Friday", comentou a diretora de marketing do Grupo Netshoes, Gabriela Platinetty.
Outro ponto importante da operação da varejista para este ano é a melhor integração com o consumidor off-line - aquele que tem menos familiaridade com o e-commerce. Para atender esse público, o Grupo Netshoes (que controla as lojas Netshoes, Zattini e Shoestock) aposta na multicanalidade "Como não temos lojas físicas na Netshoes e na Zattini, para este ano estamos lançando o projeto 'Netshoes Compre e Retire'. Ele é um piloto, que vamos iniciar pela Zattini. A cliente pode comprar no site e pedir para entregar no Correios mais próximo dela", explica. Localizada em São Paulo, a unidade física da Shoestock conta com um espaço de produtos da Zattini.
De cara nova
Após anunciar uma mudança no modelo de atuação, que teve início em junho deste ano, o site de comparação de preços Buscapé encara a primeira Black Friday como um marketplace. Para chamar atenção tanto do consumidor físico quanto do digital, a empresa investiu R$ 25 milhões na campanha para a data este ano. "A data é tão grande dentro do Buscapé que não cabe mais aqui. Tivemos que ir para a rua para que o consumidor pudesse ver o quão grande é a Black Friday para nós", diz o vice-presidente de marketing e produto do Buscapé, Fabio Sakae, em alusão ao caminhão customizado 'BuscaMóvel', que visa levar a marca a pessoas que, ou não a conheciam, ou não sabiam que a empresa mudou de perfil.
De acordo com ele, muito além da publicidade, o investimento em tecnologia também é fundamental para garantir boas vendas. "No pico da Black Friday, o Buscapé chega a receber 30 vezes mais consumidores em relação a um dia comum."
Outras estratégias
Embora grandes descontos tenham um efeito muito positivo para o consumidor, algumas empresas pretendem chamar a atenção de outras formas. A Livraria Saraiva, por exemplo, vai estimular o programa de fidelidade. "Na Black Friday, a cada real que a pessoa gastar em livros, ela ganhará três vezes mais bônus", diz o gerente de e-commerce da rede, Gustavo Mondo.
Com 14,3 milhões de clientes cadastrados, o Saraiva Plus garante a fidelização dos consumidores, além de ajudar a sustentar as margens da varejista em tempos de crise. Nos primeiros nove meses de 2017, a Saraiva obteve receita líquida de R$ 1,2 bilhão, 0,2% a menos que em 2016. O destaque foi, justamente, a operação virtual, que avançou a receita líquida em 12,1%, para R$ 449,4 milhões, na mesma base comparativa.
Nem tudo são flores
Grande aposta do e-commerce para 'salvar o ano', a Black Friday gera preocupações tanto do lado dos varejistas, quanto dos consumidores. Segundo Fabricio Costa, sócio-fundador da plataforma de gerenciamento de recebíveis Equals, o pagamento a crédito deve ser evitado por ambas as partes: "Hoje, estamos vendo a escassez do crédito. Nessas horas é que os pequenos têm que se preocupar mais para vender nessa modalidade. É claro que todo mundo quer vender mais, mas a preocupação com o fluxo de caixa é importante", alerta.
Marcada como 'Black Fraude' em 2013, a data ganhou ares de desconfiança para os clientes. Mesmo com uma reputação maior, a Fundação Procon-SP registrou 1638 reclamações em 2016. "Mudou o tipo de reclamação; antes era a maquiagem de preço. Agora, os clientes reclamam de que as empresas estão cancelando os pedidos sem justificativa. A partir do momento em que você faz a oferta, é necessário cumprir", comentou o supervisor do Procon-SP, Bruno Stroebel.
A Abccom estima que o faturamento do varejo on-line Black Friday deste ano chegue à marca de R$ 2,5 bilhões - menos otimista, o Google projeta que o período promocional movimente R$ 2,2 bilhões. Em 2016, a Black Friday gerou R$ 1,9 bilhão no on-line, segundo o Ebit.
Fonte: DCI São Paulo