As vendas do varejo restrito caíram 0,9% em outubro, na comparação com setembro, impactadas pelo adiamento do consumo dos brasileiros para novembro, mês em que ocorreu a Black Friday. Apesar da queda pontual, a tendência de crescimento do setor se mantém e a perspectiva de economistas é uma alta na casa dos 2% ao final deste ano.
O resultado da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo IBGE, ficou abaixo das previsões do mercado, que esperava, em média, uma alta de 0,2% em outubro. A retração na base mensal foi puxada pelos segmentos de móveis e eletrodomésticos (-2,3%), vestuário e calçados (-2,7%) e artigos de uso pessoal e domésticos (-3,5%) – setores que costumam sentir uma demanda maior durante a Black Friday.
“Com a expectativa das promoções de novembro, o consumidor pode ter adiado as compras. Acredito que esse fator teve um papel relevante na queda de outubro”, afirma o economista da 4E Consultoria, Alejandro Padrón. Ele aponta ainda que o recuo no mês é um movimento natural de correção, dentro do ciclo de recuperação do setor. “No ciclo que vivemos, de retomada gradual, é normal que alguns meses mostrem queda na margem.”
Apesar da retração frente a setembro, na comparação com o mês de outubro do ano passado o volume de vendas do varejo restrito cresceu 2,5%. O resultado representou a sétima taxa positiva seguida, na base comparativa, mas mostrou uma evolução menor do que a registrada em setembro (6,2%). No acumulado de doze meses, o setor também fechou com crescimento, de 0,3%. Segundo o IBGE, foi a primeira expansão após 24 meses seguidos de recuo (veja no gráfico).
Tendência de alta
Na visão do economista da 4E, o resultado aquém do esperado em outubro não reverte a tendência de crescimento do varejo, sentida desde o início deste ano. Segundo ele, a projeção da consultoria para o fechamento do ano é de alta de 2% para o varejo restrito. “Os condicionantes de consumo continuam fortes mês a mês. Crédito avançando para pessoa física, crescimento da renda real média e inflação em um patamar baixa”, explica.
Os economistas do Banco Votorantim, Roberto Padovani e Carlos Lopes, também apontaram para a continuidade da tendência de alta do setor. “Ainda que os resultados dos últimos meses tenham dado um sinal de moderação, não vemos mudança na tendência de recuperação das vendas”, escreveram em relatório. A melhora da confiança, do crédito e da renda, disseram, são importantes indicadores de que o crescimento deve se estender para os próximos trimestres.
Para a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a retração de outubro deve ser revertida em novembro, com uma aceleração das vendas, em decorrência da Black Friday. O resultado fraco do mês não mudou a projeção da entidade para o ano, que segue esperando um crescimento de 1,7% para o varejo restrito.
Varejo ampliado
Para o varejo ampliado, que considera também as vendas dos setores de material de construção e veículos, motos e peças, a previsão da CNC é de uma alta de 3,7% para o ano. A 4E tem uma previsão similar, de um crescimento de 3,4%.
Até outubro, a alta está em 1,4%, no acumulado dos últimos doze meses. Sendo assim, para que as previsões se concretizem será preciso uma forte aceleração no resultado da PMC de novembro e dezembro. “Esperámos um fim de ano bem mais forte, até porque em novembro e dezembro do ano passado ainda estávamos em um cenário muito ruim”, diz o economista da 4E.
No mês de outubro, comércio ampliado apresentou uma retração de 1,4%, na comparação com o mês imediatamente anterior. Padrón destaca que o ampliado vem de quatro meses seguidos de expansão nessa base. Já na comparação com o mesmo período de 2016, houve incremento de 7,5%.
Na base interanual, os setores que tiveram os maiores crescimentos em outubro foram o de material de construção (18,6%), o de veículos, motos e peças (13,6%) e o de móveis e eletrodomésticos. Os três são beneficiados da melhora no cenário de crédito.
Fonte: DCI São Paulo