Indústria e varejo terão avanço percentual maior no emprego

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O comércio varejista e a indústria serão destaque na expansão do emprego no Brasil em 2018, diante da expectativa de continuidade do avanço do consumo das famílias e do dinamismo do setor externo.

 

O economista da GO Associados Luiz Castelli acrescenta que, diferentemente de 2017, o trabalho formal terá um papel protagonista no crescimento da ocupação durante este ano. Nas projeções dele, o saldo líquido de vagas formais (diferença entre contratações e demissões) ficará positivo em 980 mil em 2018, contra uma geração líquida negativa próxima de 100 mil em 2017.

 

Castelli destaca que, em termos absolutos, “é óbvio” que os serviços tendem a gerar o maior número de postos de trabalho, já que o segmento corresponde a 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. No entanto, em termos percentuais, o aumento das admissões será maior no varejo e na indústria do que nos demais setores da economia.

 

Castelli explica que, apesar de ter ocorrido uma melhora na renda da população, as pessoas estão menos propensas a comprometer o seu orçamento de forma permanente, como na contratação de um serviço de academia de ginástica, por exemplo. Na verdade, as famílias estão optando por gastos mais imediatos, como compras de vestuários, calçados, bebidas, alimentação.

 

“A recuperação da atividade econômica está sendo estimulada pelo crescimento do consumo de bens não duráveis”, reforça a economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Maria Andréia Parente.

 

Comércio

 

O emprego no comércio tem registrado avanço tanto nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, que trata sobre o trabalho formal, como na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que capta o cenário da informalidade no País.

 

O último Caged mostra que o saldo líquido de vagas formais no comércio cresceu 0,34%, para 30.333 entre janeiro e novembro de 2017, em relação a igual período do ano passado. No varejo, essa alta foi de 0,15%, a 11.539, enquanto no atacado, o aumento foi de 1,20%, a 18.794.

 

Já na Pnad, o emprego no comércio em geral avançou 1,3% no trimestre encerrado em novembro do ano passado, para 17.682 pessoas, ante iguais meses de 2016. Parente ressalta que é normal que a pesquisa do IBGE revele um crescimento maior da ocupação no comércio do que o Caged, tendo em vista que foi justamente a informalidade que começou a puxar a geração de emprego em 2018.

 

“Além disso, comércio e serviços são segmentos onde, tradicionalmente, o grau de informalidade é maior do que nos demais setores”, explica. “Em setores onde o nível de formalidade é maior, como na indústria, a Pnad e o Caged tendem a caminhar em um mesmo sentido”, completa Parente que, diferentemente de Castelli, têm dúvidas sobre a expansão do emprego com carteira assinada neste ano.

 

Segundo a economista, a geração de vagas formais irá depender da confiança dos empresários na política econômica do próximo governo, algo ainda incerto.

 

Já Castelli reafirma que a formalidade puxará o emprego em 2018. Para ele, isso se justifica pela melhora dos principais indicadores econômicos, como os de inflação e da queda nos juros.

 

Indústria

 

Nos onze meses do ano, o saldo líquido de vagas formais na indústria de transformação ficou positivo em 88.973, crescimento de 1,23%, na comparação com o mesmo período de 2016. Os destaques ficaram, justamente, com as indústrias de calçados e de vestuário. Enquanto na primeira, houve expansão de 3% nos postos líquidos, para 8.650, na segunda, a alta foi de 2,72%, para 23.521. A Pnad, por sua vez, apontou aumento de 3,4% na ocupação industrial no trimestre encerrado em novembro, a 11.936.

 

Na avaliação de Castelli da GO Associados, os fatores que irão contribuir para o crescimento da emprego industrial são tanto a continuidade do avanço do consumo das famílias, como o cenário favorável para as exportações de manufaturados brasileiros, principalmente para os países parceiros do Mercosul.

 

No ano passado, as vendas externas do Brasil de produtos industrializados registraram alta de 9,4%, a US$ 80,255 bilhões. No total, os embarques para o Mercosul avançaram 18,4%, sendo que, para a Argentina, a alta foi de 32,4%, por conta de automóveis de passageiros, veículos de carga, tratores, autopeças, etc.

 

“A indústria tem melhorado bastante, porque estamos com um maior dinamismo exportador. Setores ligados à exportação são os que estão contratando mais”, afirma Parente, do Ipea. “Se não tivermos problemas no câmbio e nem no cenário internacional, a tendência é de avanço na ocupação industrial, já que o setor precisa não só atender os pedidos externos, como também as solicitações do mercado interno, que começaram a crescer com o aumento do consumo”, completa ela.

 

O cenário menos animador para o emprego continua sendo a construção civil. Segundo Parente, ao menos, o desemprego no setor vai parar de subir. A expectativa é de estabilidade, sem geração de novas vagas, tendo em vista a paralisação de obras públicas e privadas. “Existe muito imóvel vago para comprar e alugar”.

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 

 


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