O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 0,04% em abril, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em março, o indicador havia apontado deflação de 0,84%. Para os analistas consultados pelo Banco Central (BC) para a elaboração do Boletim Focus desta semana, o IGP-DI iria apenas diminuir o ritmo de deflação, já que as previsões estavam em torno de -0,14%. Apesar disso, a expansão não gera tensão no mercado. "A inflação está bem comportada, e não apresenta razões de preocupação adicional", disse André Perfeito, economista da Gradual Investimentos.
Com o aumento em abril, depois de dois meses de variação negativa consecutiva, o IGP-DI acumula deflação de 0,9% no primeiro quadrimestre deste ano, e inflação de 4,74% nos últimos 12 meses. Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, a volta ao terreno positivo ainda não faz com que a inflação preocupe a frente. "A substituição das altas variações ocorridas entre maio e julho (média de +1,63%) por números bem menores deve fazer o IGP-DI em 12 meses ficar próximo de zero, voltando a crescer a partir de agosto, terminando o ano em torno de 2,1%", afirma.
Segundo a FGV, os principais responsáveis pelo avanço da inflação foram produtos agrícolas no atacado, que contribuíram para menor alívio do Índices de Preços por Atacado (IPA). Por outro lado, os preços no varejo tiveram decréscimo verificado pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) passou de uma queda de 0,25% para uma deflação de 0,04%. De acordo com o relatório do Banco Santander, a deflação mais branda neste mês reflete a manutenção da queda de preços de materiais, equipamentos e serviços agora por conta da redução de Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide sobre esses produtos. "Enquanto a mão de obra voltou a encarecer, um bom indício para a atividade no setor."
Em abril, o IPA passou de uma deflação de 1,46% para uma queda de 0,10%, quase revertendo sua trajetória de declínio, influenciado principalmente por produtos agropecuários (-2,37% para 1,36%). Já os insumos da indústria saíram de -1,16% para -0,58%. Dos três estágios de produção no atacado, apenas os Bens Intermediários mantiveram variação negativo (-1,84% para -1,04%). Houve alta em Matérias-Primas Brutas (-2,69% para 0,72%) e Bens Finais (-0,07% para 0,45%).
O IPC recuou de uma alta de 0,61% para uma variação positiva de 0,47% devido à redução dos gastos em quatro das sete classes de despesa que formam o indicador, sendo que a maior contribuição partiu do grupo Alimentação (1,25% para 0,64%).
Veículo: Gazeta Mercantil